Brasileiros queixam-se da falta de segurança na Flórida e na chegada ao Brasil

Por Marisa Arruda Barbosa

SITE

O aumento de turistas brasileiros frequentando a Flórida está sendo acompanhado pela ocorrência de furtos em cidades como Miami e Orlando e, ao mesmo tempo, fica mais comum a reclamação de brasileiros, turistas ou residentes nos Estados Unidos, encontrar suas malas não só reviradas, como com itens novos faltando quando chegam ao Brasil.

O mineiro Marcelo Faria Peito, de 49 anos, que viajou à Flórida com dois amigos em outubro do ano passado, relatou sua experiência frustrante ao site brasileiro “O tempo”. “Paramos num estacionamento e deixamos as malas dentro do carro que tínhamos alugado. Fomos lanchar. Em dez minutos, não havia mais nada dentro do veículo”, disse ele, alegando que o grupo de amigos tomou um prejuízo de $10 mil dólares. Marcelo disse que procurou a polícia local, deu seu e-mail, mas até o momento não teve seu caso resolvido.

Já a experiência de Bárbara Tacchi, residente de Miami, não foi de boas-vindas quando chegou a São Paulo para visitar a família, na última semana. “Assim que vi minhas malas, percebi que tinham sido abertas. Perguntei para o funcionário da GOL e ele disse que em voos vindo de MIA (Miami International Airport), eles abrem mesmo para vistoria”, relatou a paulistana que pegou um voo da GOL, com escala na República Dominicana. “Outra passageira ouviu a resposta do rapaz e me disse que também teve sua mala aberta. Eu abri a mala e dei uma olhada de leve e fechei. Mas deveria ter olhado direito, com tantos relatos que leio sobre roubarem itens em malas. Ao chegar em casa, somente as embalagens de dois perfumes estavam na mala, os perfumes haviam sido roubados”.

Geralmente, quando a bagagem é aberta pelo Travel Security Agency (TSA) em solo americano, é colocado um aviso e lacre, informando que a mala foi vistoriada por motivos de segurança. Mesmo assim, a agência também já passou por investigações pela ocorrência de roubos em bagagens vistoriadas em aeroportos americanos. Em 2012, uma reportagem local informou que, desde 2003, 1,5 mil itens haviam sido roubados em bagagens dentro do aeroporto de Miami.

Aumento no número de furtos a turistas

De acordo com informações divulgadas no site do Consulado-Geral do Brasil em Miami, em 2013 foram registrados mais furtos contra brasileiros que visitaram a Flórida. Em 2013, foram registrados 224 furtos contra brasileiros, um aumento em relação aos anos anteriores. Em 2011 foram reportados 126 casos, enquanto em 2012 foram 117. Além disso, os 224 furtos no ano passado afetaram um total de 410 pessoas, pois alguns casos envolviam pessoas da mesma família.

Mas os números de furtos registrados indicam que a incidência é pequena em face do volume absoluto de visitantes brasileiros na Flórida. Só em 2013, foram 1,7 milhões de turistas brasileiros, enquanto em 2012, o total foi de 1,6 milhão de turistas e, em 2011, 1,4 milhão, de acordo com dados do Visit Florida.

Prevenção em solo americano De acordo com o Consulado, os lugares em que furtos ocorrem com maior frequência são aqueles de grande concentração de pessoas, como parques temáticos e atrações turísticas, hotéis e grandes centros de compra. Neste último caso, são comuns as ocorrências em que cidadãos brasileiros têm furtados seus pertences deixados dentro de veículos de aluguel, estacionados ao ar livre ou em estacionamentos pagos. O órgão adverte que turistas não devem jamais deixar seus pertences , incluindo compras e passaporte, dentro do veículo, nem pertences desacompanhados nas praias ou com estranhos.

Em caso de roubo, a pessoa deve procurar pela polícia e o consulado para registrar a ocorrência.

A decepção ao chegar ao Brasil

Quando Bárbara se deu conta que estavam faltando os perfumes em sua mala, ligou para o Serviço de Atendimento ao Cliente da Gol. “Foi aberto um número de chamada pelo motivo ‘reclamação/bagagem’, no qual fui informada que eu não seria ressarcida (seguindo a legislação da ANAC, que somente seria ressarcida se fosse feita a reclamação no desembarque e esse ressarcimento, caso ocorresse, não seria o valor dos dois perfumes, e sim a diferença do peso da bagagem entre o peso pesado no check -in do embarque e lá na hora. Essa diferença (de gramas, ou quilos) segue um valor de tabela estipulado na ANAC. Então me disseram que o caso seria encerrado e enviado para a Gol para ‘melhorias internas’. Até recebi um e-mail dizendo: “informamos que o chamado número 30329635 foi solucionado”.

Bárbara, que ainda está no Brasil, diz que de agora em diante pretende pagar para embalar sua mala com plástico. “Cruzarei os dedos para que minha bagagem chegue intacta no destino final”.

“Sinto-me péssima e incapaz , pois percebi que é um fato corriqueiro e um ‘faz parte’ da viagem. Parece que todos sabem que isso acontece e não há nada pra fazer. Além da sensação de invasão de privacidade. Os dois perfumes, eu havia escolhido com muito carinho para presentear minha mãe. Fazia um ano que não ia para o Brasil”, relata. “Em tempo, vejo isso como um descaso das companhias aéreas. O cuidado que eles tem com nossas malas parece ser zero. Se as malas não são furtadas ou arrombadas, muitas vezes aparecem na esteira detonadas, faltando alça, com a rodinha quebrada, fato que aconteceu tanto com meu pai quanto com minha mãe quando foram me visitar em Miami”.

Um problema antigo

Simone Alencar relatou ao GAZETA que depois que sua mãe teve seus pertences roubados de dentro da mala mais de uma vez nos últimos anos, no itinerário Miami-São Paulo, ela aprendeu a fazer a mala “sem chamar a atenção”. “Ela agora coloca as coisas usadas por cima, separa os pares de sapato e retira a etiqueta de tudo que é novo”, contou Simone.

Juliana Oliveira também já teve seus objetos furtados em 2010 e 2011. Ela diz que já teve as malas abertas outras vezes, quando viu o aviso do TSA, mas não notou a falta de nada. “No ano de 2010, o voo era para Recife (PE) e, em 2011, para o Rio de Janeiro (RJ), ambos voos diretos”, disse. “Os itens furtados eram basicamente perfumes e camisas novas, de marcas conhecidas”.

Juliana nunca fez denúncias, nem procurou funcionários do aeroporto ou da companhia aérea. “Talvez, por já ter ouvido muitos relatos de conhecidos que nunca foram ressarcidos em situações parecidas”, explica.

*Com colaboração