Jovens brasileiros são diagnosticados com o mesmo tipo de câncer linfático

Por Arlaine Castro

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[caption id="attachment_124849" align="alignleft" width="369"] Gabriel, Angela e Hemilly foram disgnosticados com o mesmo tipo de câncer.[/caption]

Gabriel Faria, filho de brasileiros, vive em Coral Springs, tem 24 anos e descobriu no dia 14 de fevereiro desse ano que estava com Hodgkin Lynphoma, após passar mal por três dias com vômito, dor de estômago, e se sentindo sem energia. A família acreditou ser um vírus no estômago e o levaram ao hospital. O jovem estava com um nódulo debaixo do braço que crescia e diminuía, segundo a família. “Achávamos que fosse uma íngua”, disse a mãe.

Faria ficou 11 dias internado e foi diagnosticado com Hodgkin Lynphoma no estágio 4, com o baço, estômago, pulmão e pedaços do intestino afetados. Dois dias depois, ele já estava em tratamento com quimioterapia.

Ao todo, foram 6 meses de tratamento, com 13 sessões de quimioterapia de 5 a 6 horas a cada 15 dias. Finalmente, no dia 2 de agosto, exames mostraram que Gabriel está livre da doença. De acordo com o médico, este tipo de câncer tem 40% de chance de voltar. Caso volte, ele terá que passar por um transplante de medula.

Agora, o jovem está em casa, mas sob restrições e cuidados, devido a sua baixa imunidade. Segundo a mãe, Monica de Castro, a cura do filho só foi possível graças ao Medicaid, que custeou todo o tratamento no Florida Cancer Specialists & Research Institute. “Só temos a agradecer a Deus”, fala.

Mais casos O mesmo drama pelo qual passou Gabriel é enfrentado por outras duas jovens no sul da Flórida, que além de lutarem contra a doença, têm outra batalha pela frente: arrecadar fundos para pagar pelo tratamento.

Angela Taschner, 21 anos, é americana, mas foi criada por brasileiros desde os quatro anos, após o falecimento da mãe. A jovem vive em Deerfield Beach e descobriu o Hodgkin Lynphoma em maio, após perceber ao longo de quase um ano o pescoço inchando sem motivo aparente. Angela resolveu fazer uma biópsia que revelou a doença no estágio 2.

Em julho, Angela começou o tratamento seguindo a orientação de uma oncologista. “Ela disse que quimio e radioterapia podem fazer ter outro câncer no futuro, então, eu resolvi procurar uma outra coisa que não tivesse esses riscos”, afirma.

Ela decidiu não passou por sessões de quimioterapia e participa de um ensaio clínico, de estudo e pesquisa que designa participantes para uma ou mais intervenções relacionadas à saúde, onde é avaliado os efeitos sobre os resultados da terapia.

Angela conta que o tratamento não foi coberto por seu seguro médico e ela está arcando com os custos. “Como é um tratamento diferente e natural, o seguro não paga. Cada sessão custa $200 dólares e faço duas vezes por semana”, diz. A previsão de é de que o tratamento siga por mais quatro meses.

A curitibana Hemilly de Oliveira, 27 anos, é mais uma brasileira diagnosticada com a doença. No dia 23 de agosto, Hemilly recebeu o diagnóstico do câncer e já deu início ao tratamento. A jovem, que vive em Coconut Creek, também não tem o tratamento coberto pelo seguro de saúde e está impossibilitada de trabalhar. Não bastasse as dificuldades, a família também tem em casa Lucas, 24 anos, irmão de Hemilly que sofreu um grave acidente de moto em 2014, ficou em coma por meses e, agora, precisa de cuidados especiais, que envolvem tratamento diário com fisioterapeuta e fonoaudiólogo, além de medicamentos.

Doações Para ajudar Angela, clique aqui.

Para colaborar com Hemilly, clique aqui. Depósitos podem ser feitos pela conta 898021604228 do Bank of America, em nome de Hemilly de Oliveira.

O que é o Hodgkin Lynphoma?

Cerca de 8,2 milhões de pessoas morrem de câncer a cada ano no mundo e, entre os 10 tipos mais comuns diagnosticados, o câncer linfático aparece em décimo.

Não se sabe exatamente o que causa um linfoma. Estudos indicam que pessoas com imunidade comprometida por causa de doenças genéticas, exposição a agentes químicos e altas doses de radiação têm mais chance de ter a doença.

Anualmente, nos Estados Unidos, cerca de 50 mil novos casos são diagnosticados em todas as faixas etárias e a incidência eleva-se com a idade. Sua causa é desconhecida, embora, como as leucemias, as evidências experimentais substanciais sugiram uma causa viral para alguns linfomas.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, existem dois tipos principais de linfomas, o linfoma ou doença de Hodgkin, e o linfoma não Hodgkin.

Estes dois tipos de linfomas se comportam, se disseminam e respondem ao tratamento de formas diferentes.

Embora muitas pessoas pensem, a doença não está ligada diretamente a fatores externos, como hábitos alimentares e de estilos de vida. É uma doença ligada a fatores celulares e ao sistema imunológico do organismo, que surge com mutações celulares características do corpo humano.

De acordo com o médico especialista do Florida Cancer Specialists & Research Institute, o brasileiro Lucio Gordan, o Hodgkin Lynphoma é causado por ativação de células malignas chamadas Reed Sternbeg, que se originam de células tipo B do centro germinativo de linfonodos.

“A origem desta ativação de células de Reed Sternberg não é certa, podendo ser devido a vírus ou alterações celulares genéticas”, explica.

Ele acredita que dentro de 4 ou 5 anos já será possível um tratamento com total chance de cura e será mais fácil descobrir a origem das células cancerígenas antes que estas se espalhem e contaminem as células sadias.

Tratamento Vários tipos de tratamento podem ser realizados para o linfoma de Hodgkin, por exemplo, quimioterapia, radioterapia, anticorpos monoclonais e quimioterapia de alta dose com transplante de medula.

Fatores como a idade do paciente, o estado clínico geral, tipo e localização do linfoma, também podem afetar as opções de tratamento.

As duas principais formas de tratamento do linfoma de Hodgkin são a quimioterapia e a radioterapia, que dependendo do caso, podem ser realizadas de forma isolada ou simultaneamente. Dr. Gordan explica ainda que o tratamento depende do indivíduo. “Cada caso é diferente e envolve questões específicas, como a saúde, idade, peso”, afirma.