Brasileiros são os que menos utilizam o serviço público de saúde dos EUA, diz U.S.Census

Por Arlaine Castro

claudia bueno agente de seguro saude FL
Na Flórida, 60.3% dos brasileiros possuem seguro de saúde privado e apenas 10.5% possuem seguro público

A saúde nos Estados Unidos, em qualquer nível, tem um custo alto. Um simples exame pode custar muito caro, o que dirá uma internação. Viver nos Estados Unidos sem um seguro de saúde é complicado e muitos imigrantes recorrem aos planos privados para ter algum respaldo médico. Uma pesquisa revelou que os brasileiros são os imigrantes que menos usam o serviço de saúde público do governo - a maioria possui seguro privado de saúde- ou pagam clinicas, de acordo com o censo de 2015 do U.S. Census Bureau*, enquanto cidadãos da República Dominicana são os que mais exploram o sistema público de saúde.

De acordo com dados de 2015 (o último relacionado), em todo os Estados Unidos, 62% dos brasileiros possuem seguro de saúde privado, 18.6% possuem seguro público e 22.9% não possuem nenhum seguro. Na Flórida, 60.3% dos brasileiros possuem seguro de saúde privado, 32.9% não possuem nenhum tipo de seguro e apenas 10.5% possuem seguro público. Em comparação com imigrantes de outros países, o Brasil só perde para a China, com 64.7% de chineses com seguro privado de saúde, e 31% com seguro público e apenas 10.3% sem nenhum seguro. Em terceiro lugar vem os haitianos, com 53.9% possuindo seguro privado, 30.4% com seguro público e 21.2% não são cobertos por seguro saúde.

Já os cidadãos da República Dominicana são os que mais utilizam o sistema público de saúde nos Estados Unidos, com 50.3% cadastrados no sistema público, 39.8% no seguro privado e 15.4% sem nenhuma cobertura. Para a população de baixa renda que não consegue pagar por um seguro privado, existem programas de saúde federais que repassam recursos para programas estaduais – e cada estado estabelece suas normas para funcionamento.

Seguros públicos

Em termos gerais, os seguros mais populares são o Medicare e o Medicaid – ambos são planos de assistência a saúde públicos, onde o governo federal entra com uma parte dos recursos para garantir uma certa cobertura à população que pode usar o sistema. Mas, a maioria da população usa os sistemas de seguros de saúde privados que existem no mercado ou seguro contratado pelos seus empregadores. O Medicare é um dos maiores programas federais deseguro de saúde, focado para os americanos com 65 anos ou mais, que tenham trabalhado e pago para o sistema (literalmente uma contribuição de toda uma vida), bemcomo os jovens com deficiência e outras pessoas com algumas doenças crônicas que também são cobertas pelo programa.

Por sua vez, o Medicaid é um programa de saúde social para as famílias e pessoas de baixa renda. A Associação de Seguros de Saúde da América o descreve como um programa de seguro do governo para pessoas de todas as idades cuja renda é insuficiente para pagar os cuidados de saúde. Para ser inclusa, a pessoa deve se qualificar para fazer parte do programa, baseado, exclusivamente, na renda. Hospitais que atendem pelo Medicaidtêm os custos dos tratamentos repassados para o governo, que paga integralmente (ou a maior parte) do valor. Para utilizar o seguro, é necessário comprovar a baixa renda, ter vivido nos EUA por pelos menos 05 anos e cumprir outras condições que variam de estado para estado. Na Flórida, os hospitais são obrigados a atender mesmo sem seguro e a conta é enviada ao paciente ou cobrada do governo federal, por meio de verbas.

Cuidados básicos para quem não tem seguro

Atendendo na Flórida há 36 anos, Dr. Franzon, natural de Santa Cecília (SC), conhece bem o perfil da comunidade brasileira, especialmente os indocumentados que não possuem seguro de saúde ou possuem planos básicos e buscam a clínica para cuidados emergenciais básicos de saúde, como ferimentos, cortes e também doenças mais comuns como gripe, sinusite, pulmão, apendicite, entre outras.

Ao GAZETA, Dr. Franzon explicou que “Muitos brasileiros preferem vir e pagar uma consulta e utilizam o plano para exames e compras de remédios, por exemplo. Quando é preciso, encaminho para hospital e aqueles que não têm seguro, muitas vezes pagam em várias prestações ou nem pagam porque não têm condições, e fica por isso mesmo”, salienta.

A grande parte não tem seguro de saúde ou tem algum plano simples. Muitos preferem pagar uma consulta em dinheiro porque evitam ao máximo e vem mesmo em caso de extrema necessidade.Dentre os pacientes, Dr. Franzon destaca que 5% envolve pediatria e 70% são pacientes de 10 a 60 anos.

Brazilian Plan

O Brazilian Plan é uma alternativa ao Obamacare, pois oferece serviços de saúde com baixo custo, e não exige que o segurado esteja com sua situação imigratória legal nos Estados Unidos. O plano é pré-pago que opera sob a licença da Promed, uma empresa que existe na Flórida há 15 anos voltada aos imigrantes brasileiros, inclusive os indocumentados. O objetivo é dar acesso a quem não tem acesso ao Obamacare. O Brazilian Plan é uma rede com 600 médicos, 100 odontólogos e 40 urgente cares que atendem em Miami, Broward e Palm Beach. A brasileira Maria Sirley Costa mora na Flórida há 17 anos e se diz satisfeita com o Obamacare, depois de anos sem plano algum e pagando particular quando precisava. “A saúde aqui custa muito caro, mas depois de um tempo, a gente descobre que fica ainda mais caro não contratar algum seguro, ainda mais quando se tem filhos”, pondera.

*As estimativas do censo estão sujeitas a margem de erro para mais ou para menos.