Brasileiros se queixam de gafe do primeiro-ministro inglês.

Por Gazeta Admininstrator

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, se queixou com o embaixador britânico no Brasil sobre a não inclusão do Brasil no discurso que o primeiro-ministro britânico, Tony Blair fez em Washington defendendo a reforma da ONU, na semana passada.

Sob o título "Gafe de Blair na ONU afunda relações com o Brasil", o jornal britânico "The Guardian" afirma em sua edição desta quinta-feira(1) que, apesar de estar cortejando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar acabar com o impasse nas negociações multilaterais de comércio, Blair teria citado nominalmente o Japão e a Índia como merecedores de um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. E deixado o Brasil de lado.

Quando o presidente Lula visitou o Reino Unido neste ano, Blair reiterou o apoio britânico à aspiração brasileira de ter um assento permanente no Conselho, representando a América Latina.

Discurso

Mas no discurso que fez em Washington, o primeiro-ministro britânico disse: "Um Conselho de Segurança com a França como membro permanente, mas sem a Alemanha; com a Grã-Bretanha, mas sem o Japão; com a China, mas sem a Índia - isto para não falar da ausência de uma representação própria da América Latina ou da África - não pode ser legítimo no mundo moderno".

A expansão do Conselho de Segurança foi defendida por Blair em sua viagem aos Estados Unidos.

De acordo com um porta-voz do Ministério britânico das Relações Exteriores, citado pelo The Guardian, Blair teria escrito o discurso no vôo de Londres para Washington e não teria a intenção de modificar sua posição em relação à candidatura do Brasil, mas de defender a necessidade de reformas na ONU em linhas gerais.

"Continuamos apoiando a candidatura do Brasil, ao lado da Alemanha, do Japão e da Índia, para assentos permanentes em um Conselho de Segurança maior. O discurso não tinha como objetivo explicar nossas políticas em detalhe, mas dinamizar o debate", disse o porta-voz ao jornal britânico.

A gafe foi cometida em um momento em que Blair, juntamente com o presidente americano, George W. Bush, e com a chanceler alemã, Angela Merkel, vem tentando assegurar apoio dos cinco países em desenvolvimento considerados líderes em suas regiões, para promover uma conferência de comércio especial na Rússia, paralela à reunião do G-8.