Brasileiros trocam status por dinheiro em Nova York

Por Gazeta Admininstrator

Os imigrantes brasileiros aparecem como um dos grupos étnicos que mais crescem na região de Nova York, mas diferem de outros grupos por sua origem de estratos médios da sociedade, segundo observa reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal The New York Times.
Para o jornal, esses imigrantes trocam um eventual status que possuíam no Brasil, como profissionais médios, por subempregos nos Estados Unidos, com o objetivo de ganhar um dinheiro que não ganhariam em seus locais de origem.

“Ao contrário da maioria dos latino-americanos que chegam aqui pobres, com pouca educação e com o desejo de cruzar fronteiras, os brasileiros mais freqüentemente tendem a vir de uma série de origens de classe-média, são bem educados e conseguem viajar para cá legalmente”, diz a reportagem.

Segundo o jornal, os imigrantes brasileiros normalmente conseguem vistos de turista, mas acabam ficando além do tempo permitido. “Uma vez nos Estados Unidos, mesmo aqueles com diploma universitário se prontificam a trabalhar como empregados domésticos, motoristas de limusine e dançarinos de boate porque trabalhos subalternos nos Estados Unidos pagam muito mais que empregos em escritório na usualmente problemática economia brasileira”, diz a reportagem.

De acordo com o New York Times, a comunidade brasileira em Nova York inclui “uma proporção pouco comum de gente bem educada”. Segundo um censo realizado em 2000, 30,8% dos brasileiros na região tinham diplomas de segundo grau ou universitários, contra somente 8,6% dos mexicanos ou 9,4% dos equatorianos.

O jornal cita o caso de uma psicóloga de 45 anos que trabalhava no setor de recursos humanos de uma empresa de Belo Horizonte e que foi a Nova York buscar a sorte como babá.

Hoje trabalhando como secretária executiva, ela ganha US$ 47 mil por ano, “cinco vezes o que ela estima que estaria ganhando em seu país”. “Com seu salário, ela consegue fazer duas viagens para casa por ano”, diz a reportagem.

Washington X América Latina

O governo americano precisa mudar sua maneira de se relacionar com a América Latina, acompanhando as mudanças políticas regionais, se quiser manter o bom relacionamento com a região, na avaliação de editorial publicado nesta segunda-feira pelo jornal International Herald Tribune.

O Herald Tribune, publicação internacional do The New York Times, observa que “cerca de 300 milhões dos 365 milhões de habitantes da América do Sul vivem sob governos de esquerda” e cita a recente vitória do líder cocaleiro Evo Morales nas eleições presidenciais bolivianas como “um feito histórico”.

Para o jornal, uma das explicações para o movimento para a esquerda na região e para o discurso anti-americano de alguns líderes como Hugo Chávez e o próprio Morales é que “quase duas décadas de políticas econômicas e comerciais recomendadas por Washington não fizeram muito por milhões de pobres nas zonas urbanas e rurais”.

Além disso, aponta o Herald Tribune, “o governo Bush não demonstrou muito interesse em atender os problemas sociais latino-americanos”. “E Bush fez um péssimo trabalho em cultivar relações pessoais com líderes latino-americanos”, diz o editorial.

O jornal observa que poucos países seguiram tanto o receituário econômico de Washington nos anos 1980 e 1990 quanto a Bolívia, porém o país segue como o mais pobre da América do Sul, com 60% de sua população vivendo abaixo da linha de pobreza.

“Quando as denúncias ao imperialismo ianque começam a vir tanto de palácios presidenciais quanto das ruas e das fileiras da oposição, Washington precisa mudar. A amizade de vizinhos é algo terrível de se perder”, conclui o editorial.

Seita Moon na Argentina

A seita Moon, liderada pelo reverendo coreano Sun Myung Moon, está ampliando seus contatos na Argentina, de acordo com reportagem publicada nesta segunda-feira pelo diário La Nación, reavivando o debate sobre seus vínculos com o poder político local.

O jornal observa que “Moon já foi acusado, entre outras coisas, de lavagem cerebral e de tráfico de armas, mas – como Al Capone – só esteve preso nos Estados Unidos por evasão de impostos. Seus seguidores alegam que todas essas denúncias representam uma perseguição religiosa”.

A seita Moon estaria presente em mais de 120 países e teria, segundo seus seguidores, mais de 5 milhões de fiéis em todo o mundo. No Brasil, onde tem forte presença (e possui vastas quantidades de terra) no Mato Grosso do Sul, a seita foi investigada em 2002 por lavagem de dinheiro.

A reportagem do jornal argentino relata uma visita de Moon ao país há duas semanas para uma apresentação na qual estavam presentes muitas figuras políticas importantes. Um representante da Casa Rosada teria enviado uma placa de homenagem em nome do governo.

A reportagem cita o representante local da seita, Jesús Blasnik, que confirma que “há uma aproximação com o governo”. O jornal observa, no entanto, que ao contrário do que ocorreu na década passada, quando o reverendo Moon chegou a ser recebido secretamente em 1995 pelo então presidente Carlos Menem, a nova ofensiva tem sido feita de maneira mais discreta.

O jornal observa que “Moon, de 85 anos, é dono de vários meios de comunicação, entre eles o Washington Times e a agência de notícias UPI, nos Estados Unidos, e o diário Últimas Notícias, no Uruguai. Além dos meios, o pregador coreano tem investimentos em todo o mundo em indústrias das mais variada: armas, turismo, titânio, chás e uma longa lista de etcéteras”.

Investigações jornalísticas indicam que seu faturamento anual chega a US$ 700 milhões. O jornal observa ainda que as ligações políticas do reverendo Moon também são fortes nos Estados Unidos, onde cultivou relacionamentos próximos com a maioria das administrações republicanas, “como as de Richard Nixon, Ronald Reagan e as dos Bush”.

O jornal conclui dizendo que os críticos acusam a seita de “lavagem cerebral, messianismo, anti-semitismo, tráfico de armas e até abuso sexual das mulheres que entram na seita”, mas que “para os ‘moonies’ – como se conhece seus seguidores -, todas as denúncias respondem a uma perseguição religiosa”.