Brasileiros são presos após entrar nos EUA com passaportes falsos

Por Marisa Arruda Barbosa

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[caption id="attachment_111444" align="alignleft" width="300"] Enoque Leite Da Silva é acusado de facilitar e incentivar a vinda da irmã, Silvana Silva da Cruz, que entrou ilegalmente nos EUA pelas Bahamas.[/caption]

Uma rede de tráfico ilegal de brasileiros foi descoberta no dia 19 de março, em uma parada de trânsito em Miami-Dade. Embora seja comum a chegada de imigrantes indocumentados à região, principalmente através do mar, dessa vez eles passaram por oficiais de imigração e tiveram seus passaportes carimbados. Acontece que os passaportes não eram deles, e sim documentos falsos europeus. Dois passaportes eram portugueses e dois italianos.

A descoberta do grupo foi feita por acaso, quando policiais suspeitaram de uma caminhonete preta da Ford com cinco pessoas. Somente o motorista falava inglês. Eles não tinham nenhum documento americano e pareciam ter acabado de chegar ao país.

“O oficial encontrou cinco indivíduos com passaportes estrangeiros e somente um deles falava inglês”, disse um boletim de ocorrência do Homeland Security Investigations. O oficial então entrou em contato com o Border Patrol, que interrogou o motorista, Enoque Leite Da Silva.

Todos foram levados em custódia, incluindo Enoque. Junto com ele estavam Lucas Alves dos Santos Gondim, João Henrique Pimenta Madeira, Silvana Silva da Cruz e Tassiano Messias Araújo. Todos eles tinham passaportes brasileiros como identificação e nenhum dos passaportes tinha visto para os Estados Unidos, tampouco carimbos de admissão para entrar no país.

Durante o interrogatório, Enoque admitiu aos agentes que estava buscando sua irmã e que pagou algumas pessoas para que ela fosse trazida. Ele contou, então, que quando foi buscá-la, os traficantes disseram que ele teria que levar os outros imigrantes a seus destinos.

A caminhonete Ford foi apreendida e agentes encontraram vários recibos de transações recentes de vários lugares ao longo da costa Leste, mostrando que Enoque fez uma viagem recente até o sul da Flórida. Agentes também encontraram quatro passaportes fraudulentos, dois da Itália e dois de Portugal. Cada um deles continha carimbos do DHS CBP indicando que os quatro indivíduos chegaram a Fort Lauderdale no dia 18 de março. Mas os documentos não mostram, no entanto, se os brasileiros entraram por um porto ou aeroporto.

Investigação

Com a utilização de dados do DHS, agentes descobriram que Enoque já foi deportado quatro vezes, a mais recente delas em agosto de 2014. Ele nunca pediu permissão para entrar novamente nos EUA. O perfil de Enoque no Facebook mostra que ele trabalha com construção.

Já o perfil do Facebook da irmã, Silvana Silva Cruz, mostra que a brasileira é de Santa Luzia D’Oeste, em Rondônia. A última foto que ela postou foi no dia 18 de março, em Lucaya, nas Bahamas. Em um comentário na foto, uma amiga escreveu a mensagem: “Saudades querida, boa sorte na sua vida nova você merece muito”. No dia 10 de março, Silvana fez um check-in em Nassau, nas Bahamas.

Enoque admitiu que pagou para sua irmã vir para os EUA e trabalhou com traficantes que ele conhece. Ele disse que viajou de Framingham, Massachussetts, até o sul da Flórida para coordenar a chegada de sua irmã e transportá-la para Massachusetts.

Enoque disse ainda que se encontrou com um dos traficantes em Deerfield Beach e que ele e o traficante foram em carros separados até o encontro dos imigrantes. Ele disse que pagou $10.500 dólares em dinheiro para que outros traficantes soltassem sua irmã. Foi aí que Enoque disse ter sido informado que teria que transportar os outros imigrantes.

De acordo com autoridades, os outros brasileiros deixaram claro que ninguém pagou Enoque e que se tratava de uma carona.

Enoque está sendo acusado de encorajar e induzir que um estrangeiro entre ilegalmente no país. Ele também está sendo acusado de entrar ilegalmente nos EUA depois de deportado, sem pedir permissão. Contando todas as acusações, ele pode pegar até 17 anos de prisão.