Brazil luta contra tabu em Montevidéu

Por Gazeta Admininstrator

Contra um adversário que recomenda o uso de caneleiras, o técnico Carlos Alberto Parreira espera nesta quarta-feira, às 21h45, pela quebra de um jejum: há 29 anos o Brasil não vence o Uruguai no estádio Centenário, em Montevidéu. "Jejum existe para ser quebrado e temos tudo para fazer isso agora. Estamos otimistas, com um time para ganhar".

Parreira só não quer ver nenhum de seus jogadores entrando em catimba ou tremendo frente aos uruguaios que, tradicionalmente, apresentam um futebol de muita força e marcação. O técnico teme que uma possível pressão psicológica dos rivais atrapalhe a Seleção. "Li um artigo de um uruguaio dizendo que esse negócio de raça uruguaia é balela. E eu achei isso interessantíssimo, porque essa coisa da raça uruguaia não existe. Fala-se muito nisso, mas o Uruguai só foi campeão quando teve times mais técnicos que os outros".

A pressão externa começou declarações dos jogadores e do técnico uruguaio, Jorge Fossati. O treinador prometeu que fará uma marcação cerrada nos atacantes do Brasil e sugeriu que Ronaldo usasse caneleiras. As provocações com relação ao "Maracanazzo" também não devem faltar. O lateral Roberto Carlos já chegou até a se irritar diante da insistência de jornalistas uruguaios em tocar no assunto.

Mas quem mais provoca é mesmo a torcida. No último jogo entre as duas seleções no Centenário, em 2001, uma enorme bandeira com a inscrição "1950" foi aberta na arquibancada, como referência ao título mundial conquistado pelos uruguaios, naquele ano, em pleno Maracanã. "Eles abrem essa bandeira porque sabem que nunca mais vão ganhar nada", provoca o coordenador-técnico Zagallo, que completa: "Já pensou se a gente resolvesse abrir cinco bandeiras no estádio? Faltaria espaço".

Independentemente de catimba, pressão ou provocação, os confrontos entre Brasil e Uruguai têm sido equilibrados. Nos últimos 11 jogos entre as duas seleções principais de cada país, houve cinco empates e três vitórias de cada lado. No geral, porém, o Brasil leva boa vantagem: são 32 vitórias contra 20 dos uruguaios, além de 17 empates.

OS TITULARES - Parreira já definiu o substituto do zagueiro Juan, suspenso: é Luisão, do Benfica. Ele formará dupla com Lúcio. "Nunca jogamos juntos, mas um dia isso ia acabar acontecendo. Vamos conversar bastante em campo. É mais fácil entrosar a zaga do que o atacante", disse Luisão. Cris ficará no banco de reservas.

Apesar de dizer que não tem mais dúvida de quem irá escalar, Parreira não quis revelar se começará jogando novamente com Juninho Pernambucano ou se promoverá a entrada de Robinho. Já deu a entender, porém, que deve mesmo manter o volante na equipe, mas usando-o como meia armador. "Não usamos mais aquele esquema 4-3-1-2. Hoje, temos um 4-2-2-2. Esse sistema começou no amistoso com Hong Kong e deu resultado. Só contra o Peru tivemos um pouco mais de dificuldade", diz Parreira. "Mas, com o tempo, esse esquema pode se consolidar".

O técnico acrescentou lembrando que ainda está atrás de uma formação ideal para a Seleção. "Até a Copa do Mundo estaremos prontos, mas, por enquanto, ainda estou fazendo algumas experimentações". A Copa das Confederações, que será disputada em junho, na Alemanha, será o maior laboratório para Parreira. Até lá, a cobrança da torcida por boas apresentações deve continuar.

"A gente sabe que os torcedores vão sempre esperar por um show, mas o mais importante é a classificação para a Copa. Depois que isso acontecer, aí sim pode ser que comece a haver espetáculo", diz o meia-atacante Ronaldinho Gaúcho, já acostumado com perguntas sobre o motivo de ele não jogar pela Seleção o mesmo futebol envolvente que mostra no Barcelona.

Sobre isso, aliás, até Parreira já conversou com ele. "Falei para o Ronaldinho jogar mais pela esquerda do campo, como no Barcelona. Quero que ele se sinta tão à vontade na Seleção como se sente na Espanha".

Ronaldinho Gaúcho é um dos seis jogadores pendurados com um cartão amarelo. Além dele, Cafu, Roberto Carlos, Emerson, Ronaldo, além do reserva Alex, estão pendurados. Quem for advertido neste jogo desfalca a Seleção na partida contra o Paraguai, em 4 de junho.