A busca constante pela dignidade - Editorial

Por Marisa Arruda Barbosa

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Não importa onde esteja e quem seja, qualquer um busca viver com dignidade. Isso independe de classe social, educação ou cor: ninguém é mais ou menos digno. Mas, pelo incrível que pareça, como imigrantes, apesar de vivermos em um país que muitas vezes nos oferece dignidade, onde podemos viver em cidades limpas, com ar puro e com menos violência, temos que enfrentar a discriminação e, com isso, a invasão de nossa dignidade em muitas situações.

Nesta edição, os leitores irão conhecer o caso de Marcia Vicente, que denunciou uma empresa que ela desconfiou que a sua não contratação teve como causa a sua idade. Isso é um crime e segundo advogado, ela fez o correto. Vale a lição para muitos imigrantes que já sofreram com isso: independente de seu status imigratório, denuncie.

A Equal Employment Opportunity Commission (EEOC) - Comissão de Oportunidades Iguais de Emprego - é responsável pelo cumprimento das leis federais que tornam ilegal a discriminação contra um candidato a emprego ou funcionário por causa da raça da pessoa, cor, religião, sexo, gravidez, de origem nacional, idade (40 ou mais), deficiência ou informação genética.

“A discriminação é a forma de exteriorização dos preconceitos e a negação do princípio de que todos são iguais perante a lei”, defende o advogado Jamil Hellu.

A busca pela dignidade deve ser constante por qualquer pessoa, e o imigrante precisa lembrar disso.

É por isso que dá gosto ver imigrantes que ultrapassaram essas barreiras e conseguiram construir uma carreira e dar exemplos aos outros. Esse é o caso de Rosana Santos Calambichis, uma empreendedora que não é só uma imigrante, é brasileira. Rosana abriu, em 2003, sua empresa de alimentos congelados, a Big Chef, em Hollywood, sul da Flórida. Enfrentou muitas dificuldades, mas hoje faz parte de um grupo de empreendedores imigrantes que são maioria no sul da Flórida. Sinal de que enfrentaram todas as barreiras e conquistaram sua dignidade longe de casa.

É o que pode ser visto em matéria da página 30. Um estudo do Fiscal Policy Institute, de Nova York, indica que atualmente há 900 mil pequenas empresas de imigrantes nos Estados Unidos, o que significa um total de 18% das 4,9 milhões de pequenas empresas instaladas no país. A maior força de negócios estaria concentrada nas áreas profissional e de serviços, seguidas por varejo, construção, educação, serviços sociais, lazer e hospitalidade.

Segundo o estudo, em 2010, mais de um em cada seis proprietários de pequenos negócios nos EUA eram imigrantes. Duas décadas atrás, eles constituíam apenas 8% da população dos Estados Unidos, sendo responsáveis por 12% dos pequenos negócios.

Somente no sul da Flórida, do total de negócios comandados por imigrantes, 45% estão situados na região. Embora não haja uma estatística específica sobre os brasileiros, é possível constatar o grande número de empresários que se destacam na comunidade brasileira no sul da Flórida, tanto em pequenos negócios ou naqueles que já ganharam grandes proporções. Essa troca comercial entre Brasil e Estados Unidos, feitas por empreendedores brasileiros, chegou na casa de $18,5 bilhões de dólares em 2011.

Apesar do sucesso conquistado por muitas empresas comandadas por empresários imigrantes, a maioria deles – 58% – não têm um diploma universitário, de acordo com o estudo realizado pelo Fiscal Policy Institute. Mas tratam-se de imigrantes que lutaram contra os desafios e conseguem, dia a dia, contribuir efetivamente com o país de escolha, embora não seja seu país natal.