Bush e Putin têm encontro cordial mas trocam acusações através da mídia

Por Gazeta Admininstrator

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e da Rússia, Vladimir Putin, se reuniram em Moscou no que se esperava fosse um encontro tenso devido às acusações feitas por Bush no final de semana sobre a ''tirania'' da União Soviética sobre a Europa Oriental depois da Segunda Guerra Mundial. Putin ficou ressentido de Bush impor sua agenda internacional, desviando a atenção das comemorações o final da guerra na Europa, que teve um custo bastante alto para a antiga URSS: 27 milhões de mortos e o país arrasado. Os EUA mantiveram seu território intacto e perderam apenas 405,4 mil homens.
Bush alfinetou a Rússia várias vezes ao longo da viagem de cinco dias à Europa para as comemorações do final do conflito no teatro europeu. Neste domingo, Bush manifestou preocupação sobre o progresso da democracia na Rússia. Em uma entrevista gravada para o programa ''60 minutes', da rede americana CBS, Putin disse ao correspondente Mike Wallace, que os Estados Unidos não têm moral para doutriná-lo sobre a democracia depois da polêmica eleição presidencial de 2000, em que houve suspeitas de manipulação da contagem de votos na Flórida que deu a vitória ao atual presidente. O estado é governado por Jeb Bush, irmão do presidente.

"Há quatro anos a eleição presidencial de vocês foi decidida num tribunal. O sistema judiciário interveio. Mas não vamos meter nosso nariz no sistema democrático de vocês porque isso cabe ao povo americano," disse Putin que, a seguir, fez o que disse que não ia fazer. "Nos Estados Unidos vocês primeiro elegem os eleitores que votam nos candidatos presidenciais. na Rússia, o presidente é eleito pelo voto direto de toda a população. Acredito que isto seja mais democrático''. Acrescentou que o sistema democrático americano não vai bem e que, por isso, ele foi contra a invasão do Iraque.

O dirigente russo afirmou que vai fazer apelos pela unidade em seu pronunciamento nesta segunda-feira nas cerimônias comemorativas previstas para a Praça Vermelha. "Não devemos esquecer as coisas que nos uniram. Temos que olhar para o futuro, lutar pelo futuro da humanidade e lutar especialmente contra o terrorismo."

Putin e a mulher Lyudmila receberam o casal George e Laura Bush na casa de campo do dirigente russo em Novo Ograyovo, nos arredores de Moscou. Quando foi cumprimentar Bush, Putin tinha na mão um buquê de flores que entregou a Laura. "Estou feliz que tenha me convidado para jantar. Como já provei uma de suas refeições antes, estou na maior expectativa," disse Bush. Ele e Putin deram uma volta pela propriedade num velho carro Volga 1956 de Putin, uma relíquia muito bem conservada do período soviético. Bush pegou a direção e, após a primeira volta, disse que era tão divertido que eles iam dar uma segunda volta.

No sábado em Riga, capital da Letônia, Bush afirmou que o controle soviético sobre a Europa Oriental foi "um dos maiores erros da história" e ainda que o final da guerra trouxe a liberdade do fascismo para muitos na Alemanha, mas significou um "um domínio férreo de outro império" sobre os estados bálticos, Letônia, Estônia e Lituânia. Putin respondeu que as tropas soviéticas libertaram, e não oprimiram, a Europa Oriental. "Nosso povo não apenas defendeu a mãe pátria, mas libertou 11 nações européias," afirmou ele depois de depositar flores no monumento aos mortos no conflito.