Bush: O ?salvador da pátria? para os Ilegais ?

Por Gazeta Admininstrator

Quem, dentro da comunidade brasileira, se interessa pelos rumos políticos dos Estados Unidos e tem acompanhado os mais recentes acontecimentos em Washington, sabe que uma definição clara para a cada vez mais insustentável situação dos imigrantes indocumentados nos Estados Unidos tem toda a chance de acontecer ainda em 2006.

Não há segredo no que vem ocorrendo desde novembro passado, quando, meio que “nos bastidores”, parlamentares (Senadores e Representantes, que são os equivalentes a Deputados Federais, do Brasil) vem tentando diminuir a enorme distância que ainda separa os projetos dos dois partidos rumo a uma solução para a questão dos imigrantes.

Apesar de terem conquistado muito espaço na mídia, até em função do aspecto sensacionalista de seus métodos de “patrulhamento” da volátil fronteira com o México, os opositores à legalização dos indocumentados representam o ponto de vista majoritário dos norte-americanos.

Uma pesquisa encomendada por setores do próprio governo Bush revela que, na verdade, apenas 26% dos cidadãos norte-americanos aprovariam uma “expulsão em massa” dos imigrantes. Uma quantidade expressiva – 41% - apoiam a concessão de vistos temporários de trabalho, com possibilidade de residência permanente. 12% são favoráveis à legalização imediata de todos os indocumentados, indiscriminadamente, excentuando, é claro, aqueles imigrantes que cometeram crimes de qualquer espécie. Há uma margem dos que não têm uma opinião formada: 14%. E a menor parcela é a dos que não quer opiniar: 7%.

Ou seja, de uma maneira mais generalizada, 53% dos entrevistados em 20 cidades, são favoráveis ou aceitam a legalização como “inevitável”, em graus variados. É em cima dessa constatação que a Casa Branca espera obter um consenso entre Republicanos moderados e progressistas com seus equivalentes do Partido Democrata. Ficariam de fora desse acordo os radicais da esquerda democrata e da ultra-direira republicana.

Dentro da comunidade brasileira o impacto da legalização será o equivalente a uma revolução: social, econômica, cultural e emocional.

Acredita-se que vivam atualmente nos Estados Unidos cerca de 1.5 milhão de brasileiros, dos quais cerca de 1 milhão indocumentados e algumas centenas de milhares com processos de legalização “emperrados”. São vidas que seguem sendo vividas sob o signo da incerteza, insegurança e, na maioria dos casos, pânico.

O impacto social vai ser sentido desde a liberdade de circulação, à maior interação com o “mundo exterior”. Maior estímulo em se integrar e se beneficiar dos mecanismos e estruturas que os Estados Unidos disponibilizam a seus residentes legais.

Na área econômica, só para citar uma prognóstico estatístico que me foi confidenciado por um amigo do setor de aviação, acredita-se que a demanda por passagens aéreas dos Estados Unidos para o Brasil pode crescer em até 30% , da noite para o dia.

Geralmente quando perguntados sobre o que fariam imediatamente após ganharem “o papel”, brasileiros indocumentados afirmam que assim que obtiverem algum tipo de legalização e possam se ausentar dos Estados Unidos com reentrada garantida, irão ao Brasil.

Legalizado, o imigrante brasileiro investirá mais em bens de raiz, seguros e na própria educação pessoal e de seus filhos. Aprender inglês deixará de ser “um luxo eventualmente desnecessário diante da eterna iminência de uma deportação” para ser um degrau imprescindível na melhoria das oportunidades de vida nos Estados Unidos.

O impacto cultural nasceria desse mesmo contexto. A liberdade do ir e vir e a maior disponibilidade de dinheiro seriam fatores determinantes. Hoje em dia, o imigrante indocumentado economiza o máximo que pode não só para mandar dinheiro para os familiares no Brasil, como para investir em algo “seguro” no nosso país, já que não se sente motivado a investir aqui mesmo nos Estados Unidos. Vontade não lhe falta.

Essa nova mentalidade, garantida pelo “papel”, se refletiria em uma maior presença de brasileiros nos eventos públicos, no consumo de produtos brasileiros e em todos os serviços já prestados e que são destinados à nossa comunidade. A liberdade e a confiança gerariam mais investimentos da comunidade, num “efeito cascata” que começa desde a importação de mais produtos brasileiros (excelente para o Brasil) até a ampliação dos investimentos em publicidade na mídia brasileira.

O impacto emocional é imediato e ocorre no exato segundo em que cada imigrante brasileiro indocumentado recebe o sonhado “papel”. Alí começa a mudar a sua atitude. Ele assume de fato a condição de legítimo candidato ao “sonho americano” – ainda que esse seja um conceito dos mais polêmicos e relativos - sem se sentir humilhado, diminuído ante os olhos da lei e da sociedade.

Mesmo o mais consciente dos indocumentados denuncia, vez por outra no olhar ou no acanhamento, sua condição de “marcado” por estar vivendo num “limbo” de ilegalidade. Muitos se sentem diferentes, discriminados, desprotegidos, enfim.

A mudança de estado emocional pode, num primeiro momento, gerar piques de euforia e ou de questionamento da própria conquista. A legalidade vai abrir a cabeça de muita gente que passará a enxergar um tanto de coisas boas que existem na vida e na cultura norte-americanas, e que hoje são rechaçadas por simples sentimento de rejeição e revolta.

Por tudo isso, por nossos filhos, pelas gerações futuras e pela já irreversível presença brasileira nos Estados Unidos, todos devemos seguir lutando e acreditando na cada vez mais inevitável legalização. E que ela venha ainda pelas mãos de George W. Bush.

Gostemos de suas politicas ou não, Bush será tratado como herói dos imigrantes, se couber a ele sancionar a lei que tirará milhões de seres humanos, trabalhadores, dignos e honestos sonhadores por uma vida melhor, de uma situação constrangedora e acima de tudo, injusta.