Bush quer rigidez na fronteira e aumento dos green cards

Por Gazeta Admininstrator

Os recentes discursos do presidente Bush sobre imigração têm causado reações diversas entre democratas, conservadores e opinião pública. De um lado, Bush agrada uma fatia do eleitorado que espera mais rigidez no trato do tema, e anuncia iniciativas severas de vigilância de fronteira. De outro lado, propõe uma medida conciliadora, que evite o emprego ilegal, e pede apoio ao Congresso para o projeto de um programa de trabalho temporário para imigrantes “para que façam o trabalho que os americanos não vão fazer”, justificou Bush durante discurso na terça-feira(29) em visita à cidade fronteiriça de El Paso. O programa favoreceria em torno de 11 milhões de imigrantes ilegais.
Bush convocou o Congresso a dar suporte a sua proposta de um programa de trabalho temporário que, segundo ele, conciliaria interesses de imigrantes legais com empregadores. Ele alertou, no entanto, que o programa não seria um passo para a cidadania para aqueles que entrem ilegalmente no país o que, na avaliação do presidente, seria uma forma de incentivo para a ilegalidade.
“Eu apoio o aumento do número anual de green cards que podem abrir portas para a cidadania, mas pelo bem da justiça e da segurança de fronteiras eu não vou assinar qualquer projeto que inclua anistia”, disse Bush.
Calcula-se que aproximadamente 11 milhões de trabalhadores indocumentados nos Estados Unidos poderiam beneficiar-se desse programa que os permitiria trabalhar nos Estados Unidos durante período de seis anos. Cerca de um milhão de imigrantes indocumentados cruzam anualmente a fronteira do México com os EUA, e centenas morrem durante a viagem.
O presidente acrescentou que tomará medidas contra empresários que empreguem imigrantes ilegais, justificando que empregadores americanos “tem a obrigação de obedecer à Lei”.
Bush viajou para seu estado natal, o Texas, na terça-feira com o objetivo de reforçar sua política contra imigração ilegal a partir da fronteira com o México. De lá foi para El Paso, onde está situado o Rio Grande, que começa na cidade do México e é tulizado por muitos para entrar ilegalmente nos Estados Unidos “Nós estamos aumentando a infra-estrutura para tornar as cidades mais seguras, assim como as áreas rurais de nossa fronteira”, disse Bush durante uma entrevista à imprensa. “O que vocês estão vendo é uma combinação de cercas, câmeras e patrulha de fronteira, todos fazendo a sua parte”, disse.
Durante visita na segunda-feira(28) ao Arizona, Bush anunciou sua nova cartada. “Os americanos não deveria ter que escolher entre uma sociedade hospitaleira e uma sociedade legal. Nós podemos ter ambos ao mesmo tempo”, discursou o presidente para agentes de imigração e patrulheiros de fronteira na Base da Força Aérea de Davis-Monthan.
O presidente defendeu a construção de novas casas de detenção para abrigar os imigrantes ilegais flagrados pela polícia em território americano, a aceleração do processo de deportações, a repressão ao uso de documentação ilegal e iniciativas no sentido de fechar o cerco na fronteira, como a destinação de um número maior de agentes de fronteira, cercas e recursos de monitoramento. “Garantir a segurança de nossas fronteiras é essencial para assegurar o nosso território”, concluiu
O plano de Bush é composto por três ítens fundamentais. O primeiro consiste em “devolver de imediato cada imigrante ilegal flagrado na fronteira, sem exceções”, e inclui entendimento com autoridades mexicanas para que seja colocado em prática um programa de repatriação interna que prevê a devolução a suas localidades de origem de aproximadamente 900 mil indocumentados mexicanos detidos anualmente na fronteira.
O segundo ítem prevê o endurecimento dos controles fronteiriços e das leis de imigração e fortalecimento da vigilância. O terceiro ponto consiste na criação de um programa de trabalhadores temporários, que poderiam desempenhar suas tarefas de forma legal durante um determinado tempo anes de serem obrigados a regressar a seu país de origem. O plano, disse Bush, pretende “atender às exigências de uma economia que cresce e permitir a trabalhadores honrados que levem o pão às suas famílias, respeitando a lei”.
A retomada do discurso sobre imigração ocorre depois que Bush experimentou uma sensível queda em seus níveis de aprovação. Recentes pesquisas indicam que a maioria de seus colegas republicanos opõe-se à sua forma de conduzir o tema.
Muitos de seus aliados conservadores tem criticado a proposta do programa de trabalho para imigrantes o qual, acreditam eles, permitiria que imigrantes ilegais obtivessem status legal. Muitos democratas também têm se oposto à proposta, que foi apresentada pela primeira vez em janeiro de 2004.