Cada vez mais brasileiros se arriscam para chegar aos EUA via Bahamas

Por Gazeta News

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*Atualizada às 1:44pm, em 30122016.

Como a travessia pelo México se tornou mais arriscada e muito visada, outras rotas têm sido buscadas nos últimos anos por imigrantes que tentam entrar nos EUA. O desaparecimento de 19 brasileiros, desde o início de novembro, que almejavam chegar ao sul da Flórida partindo das Bahamas, expõe a diversificação das rotas usadas por indocumentados. As Bahamas passaram a ser consideradas um local de partida por brasileiros para a imigração ilegal em virtude da dispensa de visto para entrar no país e das dificuldades e perigos de se chegar aos EUA pela fronteira com o México.

Segundo as famílias, o grupo de brasileiros sairia de barco das Bahamas e seguiria em direção a Miami, no início de novembro. O último contato dos integrantes do grupo com familiares no Brasil foi no dia 6, quando afirmaram que ficariam sem dar notícias por um tempo porque fariam a travessia no dia seguinte. No entanto, ninguém mais fez contato.

As autoridades brasileiras e das Bahamas trabalham com dois cenários mais prováveis. No primeiro, os brasileiros continuam nas Bahamas, detidos pelos coiotes, que suspenderam a travessia com medo de serem interceptados e estão mantendo os brasileiros incomunicáveis. O segundo cenário é o de que eles estariam no barco, à deriva ou ancorados em algum lugar. A possibilidade de prisão dos 19 brasileiros nas Bahamas também não está descartada, mas até o momento, não foram encontrados registros de brasileiros na penitenciária das Bahamas.Equipes de resgate realizam buscas em toda a região.

O Itamaraty divulgou uma nota, no dia 26, explicando que, assim que soube do desaparecimento do grupo de brasileiros que tentava entrar ilegalmente pelo mar nos EUA, no dia 15 de novembro, informou “imediatamente” a Polícia Federal, as autoridades migratórias, policiais e as guardas costeiras bahamenses e americanas. Esquema As famílias dos brasileiros vivem dias de angústia sem notícias dos parentes desde então. Entre os desaparecidos está Lucirlei Carita dos Reis, de Rondônia, que durante a viagem detalhou como funcionava o esquema de imigração a familiares através de áudios enviados por mensagens, conforme divulgado pelo Jornal Nacional no dia 26.

“A gente vai tudo certinho pra Bahamas como turista. E aí tem um esquema que das Bahamas lá pra Miami você vai num iate de um cara, entendeu? Tudo meio escondido assim e tal e entra lá em Miami nos portos. Só que é R$ 50 mil por cabeça. Você paga R$ 50 mil por cabeça quando chegar lá, entendeu? ”.

“Eu vou ficar numa casa lá que tem wi-fi, tem comida, tudo bacana. Lá é nas Bahamas, no Caribe, é uma ilha que tem do lado dos EUA. Então eu vou ficar lá porque eles têm a hora certa de passar. Eles ficam esperando tal, tal quando der a hora certa a gente passa”.

De acordo com informação da família de outro desaparecidos, $20 mil dólares foi a quantia paga aos ‘coiotes’ por cada um dos 19 brasileiros. Ivanilza Jesus Santos, irmã de Arlindo de Jesus Santos, de Rondon do Pará, disse que o irmão vendeu um carro para ajudar no pagamento da quantia. O paraense já havia sido deportado depois de oito anos morando nos EUA. Essa era a terceira vez que ele tentava entrar no país.

Mais casos Um novo grupo com 14 brasileiros foi detido pelas autoridades americanas ao tentar entrar ilegalmente na Flórida pelas Bahamas e encontra-se em um Centro de Detenção em Pompano Beach.

Segundo o G1, o Ministério das Relações Exteriores informou que o grupo está à espera de deportação e que o processo não “costuma” durar mais de um mês. Conforme a reportagem, os detidos estão sendo assistidos pelo Consulado-Geral do Brasil em Miami e estão “bem de saúde”.

Em contato com o consulado, o secretário Lucas Chalela confirmou a informação e disseao GAZETA que está sendo dado suporte jurídico aos brasileiros detidos e que há no momento 15 brasileiros aguardando deportação no Centro de Detenção de Pompano Beach, dos quais 14 pertencem a um grupo que chegou das Bahamas, porém, não por embarcação ilegal, mas por outras vias não especificadas.

O Ministério das Relações Exteriores também foi contatado pelo GAZETA, mas não retornou para comentar as informações.