Café e chá

Por Roberta Dalbuquerque

coffe-1736902_960_720
São Paulo deu boas vindas à semana com um domingo escuro de frio e chuvinha insistente. Nada novo para um fim de agosto na cidade que não para de surpreender com verões no inverno, chuvas na época de estiagem e descrédito a todo e qualquer serviço meteorológico que tope prever seu tempo. Nada novo não fosse domingo o piquenique de aniversário de um dos amigos mais queridos de minha filha caçula. Nada novo se a estrutura do parque incluísse uma área coberta. Nada novo se desde o começo da semana ela não tivesse me encomendado o presente, pensado em mil possibilidades. Nada novo se não fossem duas meninas tossindo cavernosamente que, na minha fantasia, podem se desfazer ao contato de qualquer fio de vento. Confesso ter até esquecido da Ju, mãe do aniversariante, enquanto listava os contratempos da chuva aqui no meu pedacinho. Ela se fez lembrar no começo da tarde com um recado coletivo no grupo de pais do whatsapp: “Sim, está frio pra caramba mas o piquenique continua de pé. Se vocês toparem colocar seus casacos, eu prometo levar café e chá”. Um recado que diz tanto sobre ela. Sim, tempo não se prevê, a vida não se prevê, mas há sempre espaço para chás e cafés. Que recado corajoso, que bonito optar pela esperança desde as pequenas coisas. Há de pôr os casacos, há de continuar de pé. E há de comemorar, os aniversário, a chuva, as surpresas, a cobertura dos amigos, a capacidade de passar pela gripe. Há de tossir para sair da caverna. Viva Teo, viva Ju, viva o rabo do tatu!