Cai o número de brasileiros indocumentados nos EUA

Por Gazeta News

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Por Arlaine Castro e Simone Raguzo

O Ministério das Relações Exteriores estima que 2,5 milhões de brasileiros vivam no exterior; destes, 1,2 milhão nos EUA. Os números incluem tanto as pessoas que vivem legalmente quanto aquelas consideradas irregulares pelo governo brasileiro. A estimativa do Itamaraty leva em conta estatísticas elaboradas pelos países que acolhem os brasileiros e dados referentes à movimentação nos consulados do Brasil pelo mundo.

Esta semana, o Pew Research Center divulgou dados específicos sobre a população imigrante indocumentada nos EUA no período de 2009 a 2014. A pesquisa apontou que, depois da comunidade mexicana irregular, a brasileira foi a que mais diminuiu, seja porque muitos deixaram o país por vontade própria, por deportação ou mesmo porque conseguiram se legalizar e não se enquadram mais neste estatística.

Em 2009, segundo o centro de pesquisa, eram 140 mil brasileiros vivendo nos EUA sem autorização. Em 2014, o número caiu para 100 mil. No entanto, o país ainda compõe o Top 15 de países com maior número de indocumentados nos EUA.

Panorama geral Em geral, o número de imigrantes não-autorizados caiu de 11,3 milhões, em 2009, para 11,1 milhões em 2014. Deste total, 5,85 milhões dos imigrantes vivendo ilegalmente nos EUA em 2014 eram mexicanos, o que representa 52%. O número tem reduzido, visto que, em 2007, eles eram 6,9 milhões – 57% do total de indocumentados no país. A Grande Recessão (2007-2009) e suas consequências no desemprego, especialmente na área de construção civil, é apontada como uma das principais razões para que mais de um milhão de imigrantes retornassem ao México. Além disso, houve mais deportações e o fluxo de mexicanos atravessando a fronteira também diminuiu nos últimos anos, ao contrário de outras nacionalidades, segundo o US Border Patrol.

Os seis principais países com imigrantes não-autorizados em 2014 se mantiveram os mesmos desde 2005 – México (5,85 milhões), El Salvador (700 mil), Guatemala (525 mil), Índia (500 mil), Honduras (350 mil) e China (325 mil). As nações restantes no top 15 foram Filipinas (180 mil), República Dominicana (170 mil), Coreia (160 mil), Equador (130 mil), Colômbia (130 mil), Peru (100 mil), Haiti (100 mil), Brasil (100 mil) e Canadá (100 mil).

Flórida é o 3º estado com mais indocumentados

O estudo mostra também que o Brasil lidera o número de imigrantes não-autorizados em Massachusetts.

A Califórnia lidera como estado com maior número de imigrantes não-autorizados (2,3 milhões), seguido por Texas (1,65 milhõesl), Flórida (850 mil), Nova York (775 mil), New Jersey (500 mil) e Illinois (450 mil).

Massachusetts, New Jersey, Pensilvânia, Virgínia e Washington e Louisiana foram os estados americanos onde o número indocumentados mais cresceu.

De maneira geral, adultos imigrantes não-autorizados vivem nos EUA por uma média de 13,6 anos, no entanto, esse dado varia conforme o estado e vai de 8,6 anos a 16,4 anos. Apenas cinco estados têm um tempo médio de residência menor do que 10 anos: Ohio (média de 9,5 anos), Missouri (9,4 anos), Massachusetts (9,4 anos), Louisiana (9,1 anos) e Havaí (8,6 anos).

O mineiro Renato de Souza* está entre os milhares de imigrantes que estão no país há mais de uma década. Em 2003, Souza chegou aos EUA atravessando a fronteira com o México. “Vim com a intenção de ficar alguns anos para juntar dinheiro e voltar para o Brasil. Mas, após 13 anos vivendo como indocumentado e sempre com medo, a minha realidade aqui mudou. Casei ano passado e consegui o green card. Tenho família aqui agora e posso ir ao Brasil quando quiser”, relata. No ano passado, o brasileiro abriu uma pequena empresa em Massachussets. “No momento, o Brasil ficou para passeio”, conta. “Talvez um dia eu volte a morar no Brasil, depois que me aposentar”, conta.

Visitante do Brasil é o 3º que mais ultrapassa tempo de permanência no país

No início deste ano, o Department of Homeland Security produziu sua primeira estimativa parcial sobre aqueles que ultrapassam as suas autorizações para ficar nos Estados Unidos. Ou seja, são pessoas portadoras de vistos que não retornaram ao seu país dentro do prazo estipulado pelo setor de imigração.

Segundo as autoridades, dos 45 milhões de visitantes de outros países, seja a turismo ou negócios, que chegaram aos EUA no ano fiscal de 2015, 527 mil ultrapassaram o tempo de permanência permitido. Destes, 416,5 mil ainda se encontravam no país este ano. Dentro dessa estatística, os brasileiros aparecem em terceiro lugar, com 35.707 mil. Lideram a lista os canadenses (93 mil), seguidos pelos mexicanos (42,1 mil).

Estela Soares* é um desses casos. Como muitos conterrâneos que buscam fugir da crise brasileira, ela chegou à Flórida como turista em junho deste ano, acompanhada do esposo e da filha, já com a intenção de não mais retornar. A capixaba, que ainda está dentro do prazo permitido pela Imigração, afirma que a família quer “tentar a vida nos EUA”.

“A gente nunca sabe o dia de amanhã, mas a ideia é ficar. Não queria permanecer como mais uma imigrante indocumentada, mas as chances no Brasil diminuíram bastante e eu pretendo dar um futuro melhor para a minha filha, que, inclusive já está adaptada e adorando a vida nos EUA”.

*Os nomes usados na reportagem são fictícios, atendendo o pedido dos entrevistados.