Câmbio impedirá que Brasil exporte um milhão de eletrodomésticos

Por Gazeta Admininstrator

O Brasil deixará de exportar este ano cerca de um milhão de eletrodomésticos devido à desvalorização do dólar frente ao real, que reduz a competitividade dos produtos nacionais no exterior.

A redução das exportações - calculada em 150 milhões de dólares - obrigará o setor a demitir entre 300 e 350 funcionários até dezembro, informou um comunicado divulgado nesta segunda-feira pela Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).

As cifras se referem aos chamados eletrodomésticos da linha branca, como refrigeradores, fogões e lavadoras de roupa, segundo o comunicado.

"O atual nível de depreciação do dólar colocou os fabricantes da linha branca em uma situação insustentável, na qual o setor está sendo obrigado a reajustar seus preços de exportação, para não ter prejuízos perdas", afirmou o presidente da Eletros, Paulo Saab.

O dólar - atualmente em uma de suas cotações mais baixas dos últimos três anos - sofreu uma desvalorização de 8,5% frente ao real em 2005.

Até o final do ano passado, a Eletros calculava que as exportações brasileiras de eletrodomésticos aumentariam em 28% em 2005, para 545 milhões de dólares.

A nova previsão é de que as vendas ao exterior fiquem abaixo dos 426 milhões de dólares registrados em 2004.

A causa disse é que a Eletros calculava que o câmbio médio para este ano seria de 2,95 reais por dólar, mas a moeda americana abriu hoje a apenas 2,44 reais.

Segundo a Eletros, além do cancelamento de contratos de exportação de um milhão de produtos este ano, a desvalorização também reduziu os investimentos previstos pelo setor em 2005 em 35 milhões de dólares.

"Isto é só o começo de um ciclo de perdas, pois falta ao governo entender que, em um mundo globalizado, concorremos pela atração de capital junto com outros países emergentes, que oferecem estabilidade nas regras e nos fundamentos da economia", afirmou Saab.

Segundo Saab, os fabricantes de eletrodomésticos já desativaram algumas linhas de produção que estavam destinadas à exportação e começaram a demitir trabalhadores.

O dirigente disse que os contratos de exportação foram cancelados por países de América Latina, Ásia, Oriente Médio, Europa e América do Norte.

"Mais uma vez, o Brasil pode ser visto como fonte pouco confiável dada a exagerada volatilidade e instabilidade nas condições competitivas", afirmou o presidente de Eletros.

Para Saab, o prejuízo será ainda maior, porque o impacto da desvalorização nas exportações - caso o dólar continue em um nível tão baixo - será sentido apenas em 2006 e 2007.

Apesar das queixas de todos os setores exportadores em relação ao câmbio, as exportações brasileiras nos cinco primeiros meses deste ano somaram 43,472 bilhões de dólares, um recorde para o período.