Campeã de Verdade - Show de Bola

Por César Augusto

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No último fim de semana, eu estive em Greensboro, na Carolina do Norte. Fui fazer uma reportagem para o “Esporte Espetacular”, da “TV Globo”, durante o campeonato americano universitário de natação. Só mulheres na água, as melhores estudantes dos “Colleges” de todos os Estados Unidos.

Poderia escrever uma comparação sobre a estrutura que eles têm lá em Greensboro e a que temos no Brasil. Greenboro é uma cidade pequena, sem tradição na natação, e tem um centro aquático maravilhoso, com 3 piscinas, trampolins e plataformas. O lugar é lindo. Não vou comparar com a estrutura que os atletas tem no Brasil porque seria uma enorme covardia.

Outro assunto que poderia (e merecia) estar aqui: o técnico brasileiro Arthur Albiero, “head coach” do time de Louisville, Kentucky. A equipe ficou em sexto lugar. Colocação inédita. Há 14 anos, o Arthur começou o trabalho por lá, praticamente do zero, e levou Louisville ao grupo dos melhores do país. Competência desse brasileiro que está fazendo bonito. Parabéns, Arthur!

Mas esse também não é o assunto da coluna dessa semana.

Bom, então sobre o que vou falar? Sobre um momento que quase me fez chorar, depois que a competição tinha acabado e o ginásio estava praticamente vazio.

Só duas pessoas ainda estavam na arquibancada, uma menina, de aproximadamente 6 anos, e o pai dela. Alguns funcionários já tinham pedido para os dois saírem, mas o pai falou que precisava esperar a filha conseguir um autógrafo da Missy Franklin. Missy é uma supercampeã de natação, queridinha da equipe olímpica dos Estados Unidos. Na última olimpíada, em Londres, só de ouro ela ganhou 4 medalhas. Já foi 9 vezes campeã mundial. Disputou essa competição pela universidade da Califórnia.

O time foi campeão, ela ganhou várias provas, bateu recorde, foi eleita a melhor nadadora do torneio e estava indo para a sala de imprensa, para dar entrevista.

Já eram quase 11 da noite. A menina, fã de Missy, levantou o cartaz na arquibancada, sozinha, e não falou nada.

A campeã viu, de longe, e se aproximou.

“Que cartaz lindo. Foi você que fez?”.

A menina balançou a cabeça positivamente.

“Você quer que eu assine alguma coisa para você?”, perguntou Missy. A menina mostrou uma foto.

Missy estava na piscina e a menina na arquibancada. A campeã foi buscar uma cadeira para conseguir alcançar a foto. Perguntou o nome da menina, fez uma dedicatória e devolveu a foto.

A menina estava tão feliz e emocionada que tentou, mas não conseguiu falar obrigado.

Missy sorriu. O sorriso, por sinal, é uma especialidade da campeã. Missy Franklin tem só 19 anos. Já é uma estrela.Ali ela mostrou que é uma campeã de verdade. Aquela menina, aposto, vai querer nadar a vida toda para ser “igual a Missy”. Assim se formam novos campeões.

Missy deu uma lição de humildade.

Você pode estar pensando: não custa nada fazer isso, nem foi tanto assim.

Eu também acho, mas não é o comportamento, por exemplo, dos jogadores da Seleção Brasileira de futebol. Não estou falando quando as câmeras estão ligadas e eles são maravilhosos. Estou falando quando ninguém está vendo e eles não são capazes de dar um “oi”, de longe, aos torcedores que estão lá tarde da noite só para vê-los de longe. Foi isso que aconteceu na frente do hotel da Seleção na Copa da Alemanha, em 2006. Eu estava lá e vi.

Então, Missy Franklin, naquele momento, ganhou um novo fâ. Como se nada tivesse acontecido, depois do autógrafo Missy seguiu para a entrevista.

A menina? Certamente foi para casa dormir… e continuar sonhando.

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Avaliações da semana

BOLÃO Missy Franklin Ganhou tudo o que disputou e fechou vitoriosa sua passagem pelo College. Agora ela vai virar profissional, ganhar um monte de dinheiro e se preparar para ganhar ouros no Rio em 2016.

BOLACHA Barcelona x Real Jogão maravilhoso. O Barcelona ganhou de 2 a 1. Neymar perdeu algumas chances. Mas, o que vale mesmo é o resultado do segundo jogo, que vai ser em Madrid. Será que o Cristiano Ronaldo leva essa?

BOLINHA Eduardo Herdy Quem? Calma, ele não é muito conhecido. É um juiz do UFC que errou feio na luta entre Leandro Buscapé e Drew Dober. Ele encerrou a luta em um momento em que não deveria fazer isso de jeito nenhum. É uma pena, porque ninguém erra de propósito, mas ele não deve nunca mais ter uma chance de arbitrar no UFC.

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