Caro leitor, cuidado, sem leitura e interpretação a internet te "emburrece"

Por Arlaine Castro

As redes sociais viraram um campo de batalha. Criada para ampliar o conhecimento e visão de mundo do ser humano, a internet tem mostrado um outro lado de parte da humanidade - a narcisista onde pessoas se escondem por trás de uma tela para disseminar o ódio por meio de qualquer preconceito e não querem sair da sua “bolha”. Publicado por Patrícia Gnipper, em setembro de 2017, no site Canal Tech, o texto “Uma análise sobre a propagação do ódio pela internet e suas consequências” trata desse bizarro fenômeno que pode ser chamado de “emburrecimento”. “Em vez de as pessoas se tornarem mais abertas a novas ideias com o advento do Facebook, estão se tornando mais conservadoras e combativas”, aponta. Gnipper cita alguns estudos conduzidos por pesquisadores a fim de descobrir o que está acontecendo. Como o “The spreading of misinformation online” (A disseminação de desinformação online, em tradução livre), publicado na revista PNAS (“Proceedings of the National Academy of Science”), que mostra que os usuários estão somente buscando visões que reforcem suas opiniões, em vez de justamente aproveitar a diversidade que as redes sociais oferecem para rever conceitos e preconceitos. “Neste trabalho, usando uma análise quantitativa massiva do Facebook, mostramos que informações relacionadas a narrativas distintas - teorias conspiratórias e notícias científicas - geram comunidades homogêneas e polarizadas”, ressalta o estudo. Sendo assim, o estudo citado diz ainda que a “ampla disponibilidade de conteúdo fornecido pelo usuário nas mídias sociais online facilita a agregação de pessoas em torno de interesses comuns, visões de mundo e narrativas. No entanto, a World Wide Web (WWW) também permite a rápida disseminação de rumores infundados e teorias conspiratórias que muitas vezes evocam respostas sociais rápidas, grandes, mas ingênuas” - acredita-se essa ingenuidade do ponto de vista da verdade. Punição será real Com o aumento de crimes de ódio cometidos por meio de comentários abusivos na internet em todo o mundo, países já estudam e adotam leis para punir os agressores que se escondem atrás de uma tela. O Reino Unido está à frente e propôs em 2017 que crimes de ódio que acontecerem no ambiente virtual sejam julgados com os mesmos critérios e rigor dos crimes do “mundo real”, o que inclui racismo, sexismo, xenofobia e homofobia. “A medida visa não somente punir os usuários, mas também coibir o crescimento desse tipo de crime no mundo online”, analisa Gnipper. Tudo leva a crer que a “blindagem” oferecida pela tela do computador do smartphone é o que promoveu esse aumento na emissão de “opiniões” preconceituosas e agressivas que, presencialmente, muitas pessoas não têm coragem para falar. Mas, voltando à questão da falta de leitura de uma notícia e a emissão da opinião baseada no título e na chamada, seja por falta de tempo ou por vontade, muitos leitores acabam sendo injustos e até errados por não ter noção dos detalhes, do conteúdo. É hora de repensar o seu papel, leitor. E ler o conteúdo antes de emitir a sua opinião.