Carreira militar já não atrai tanto os imigrantes

Por Gazeta Admininstrator

O fuzileiro naval Felipe Barbosa - brasileiro de 22 anos que morreu na sexta-feira, perto de Faluja - e os dois outros brasileiros que atuam como marines no Iraque são parte de uma minoria declinante de imigrantes que se alistam como voluntários nas Forças Armadas dos EUA. Entre 2001 e 2004, a queda do recrutamento dessa categoria de soldados caiu 20% - de 11.829 para 9.477 -, bem mais do que o recrutamento de americanos, que diminuiu 12% nesse período.
Embora não haja números mais recentes, o agravamento da crise no alistamento de voluntários - pela primeira vez, a cota de quase 170 mil novos recrutas não foi alcançada, no ano passado - indica que a tendência entre os imigrantes também continua e os incentivos oferecidos pelas Forças Armadas já não atraem como antes os jovens estrangeiros.
De acordo com o Pentágono, há cerca de 37 mil imigrantes no serviço militar ativo. Cerca de um terço é de hispânicos. São conhecidos como “soldados green card” (numa alusão ao cobiçado cartão de residência dos EUA). No Iraque e no Afeganistão, eles representam menos de 3% das forças de combate, mas uma proporção bem maior - de 8% - das baixas totais.
A obtenção da cidadania americana no prazo de um ano de residência legal (em lugar dos cinco anos para os demais imigrantes) é um dos incentivos para atrair recrutas não-americanos. Outros são o pagamento de até quatro anos de universidade e de um bônus que pode chegar a US$ 40 mil ao final de quatro anos de serviço. Mas as bolsas de estudos e o bônus de US$ 40 mil estão reservados aos recrutas que obtêm boas notas nos testes de entrada. Não era o caso de Barbosa.
Segundo sua família, ele sempre sonhou ser militar. Queria caçar Saddam Hussein.
Mas foi mal nos testes e acabou rejeitado três vezes. Sua aceitação, na quarta vez em que se apresentou, atesta sua determinação de ser marine. Mas pode refletir, também, um problema sobre o qual os próprios recrutadores já se manifestam pela imprensa: a pressão de seus superiores para fazer vista grossa a certas exigências, baixar o padrão de seleção e preencher as cotas de novos soldados para uma força que já luta no limite da capacidade.