A pílula "antibarriga"
Liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o Acomplia, conhecido popularmente como a “pílula antibarriga”, já caiu nas graças de diversos pacientes e médicos brasileiros. O remédio promete queimar gorduras, principalmente na região do abdome, além de contribuir para o tratamento de diabetes e hipertensão.
O medicamento já foi também aprovado na Europa, mas a Fede-ral Drug Administration(FDA) dos EUA reprovou a venda do produto em território norte-americano. O Acomplia foi proposto nos EUA pelo laboratório Merck. É similar ao Sanofi Aventis SA’s (SNY), já anteriormente rejeitado pelo FDA por ter apresentando, durante testes, eventos psiquiátricos, tais como pensamentos suicidas.
A “aura” de superpílula, de acordo com médicos brasileiros, no entanto, pode estar ganhando dimensões maiores que os resultados efetivos do medicamento. Segundo Vivian Estefan, endocrinologista do Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos, a pílula não deve ser usada com finalidade estética. “O Acomplia é um moderador de apetite que promove uma diminuição do conteúdo de células gordurosas e auxilia no tratamento da diabetes tipo 2 e da hipertensão”, explica.
“O Acomplia é indicado para pacientes obesos ou pessoas que têm sobrepeso associado a outros fatores de risco”, afirma a médica. Isso significa que o medicamento pode ser usado por pacientes que tenham o índice de massa corporal (IMC) entre 25 e 30, além de doenças como diabetes, hipertensão e alto índice de triglicerídios no sangue, e por pessoas em que a massa corporal seja superior a 30. Para calcular o IMC, basta dividir seu peso pela a medida de sua altura ao quadrado.
O rimonabanto, nome da subs-tância ativa do Acomplia, ficou conhecido popularmente como “pílula antibarriga” porque o medicamento age principalmente no combate da gordura que se localiza em volta dos órgãos viscerais, como o fígado, o que externamente repre-senta a região do abdome.
“O medicamento realmente diminui os centímetros da região da barriga. Porém, deve ser indicado para pacientes que apresentam doenças relacionadas com a obesidade. O Acomplia não pode ser usado para quem busca, por exemplo, uma alternativa para a lipoaspiração”, afirma a endocrinologista do Hospital São Paolo, Lidiane Indiane Perlamagna.
De acordo com Lidiane, vale lembrar que todo tratamento contra a obesidade deve ser acompanhado de dieta e exercícios físicos.
Para o endocrinologista e presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, Henrique Suplicy, o termo “antibarriga” é empregado de forma errada. “O medicamento provoca uma perda de peso, mas não é algo absurdo. Ele deve ser indicado como um tratamento de saúde”, diz.
Efeitos colaterais
Vertigens, náuseas, infecções nas vias respiratórias, sonolência, ansiedade e depressão. Estes são alguns dos possíveis efeitos colaterais provocados pelo Acomplia. Mas, segundo Vivian Estefan, esses sintomas são manifestados em apenas 20% dos pacientes. “O medicamento ainda passa por estudos e observações. Ele está começando a ser usado na prática”, explica a endocrinologista.
Segundo Henrique Suplicy, o Acomplia bloqueia a ação do sistema canabinóide que, além de estimular o apetite e o acúmulo de gordura no organismo, promove a sensação de prazer. Portanto, a interferência nesse sistema pode ter como conseqüência a depressão. “O rimonabanto não pode ser usado por pacientes que usam antidepressivos”, alerta o médico.
Outro ponto negativo do Acomplia é o preço - cerca de R$ 400 por uma caixa com 28 comprimidos. O remédio tem que ser importado da Europa mas, até agosto deste ano acredita-se que já esteja disponível no Brasil e que, conseqüentemente, seu valor caia. No entanto, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, órgão que define o preço dos medicamentos, ainda não definiu o valor do produto.
EUA
No dia 8 de fevereiro, foi aprovada, pelo FDA, a primeira medicação que não precisa ser vendida com prescrição médica para o tratamento da obesidade. O medicamento é fabricado pela GlaxoSmithKline, tem o nome de Alli e reduz a quantidade de gordura dos alimentos absorvida pelo organismo. É uma versão com a metade da dose do medicamento conhecido como Xenical, produzido pela Roche AG. Enquanto o Alli tem 60 mg de orlistat, o Xenical tem 120 mg desta mesma substância em sua composição.
O FDA liberou o uso do Alli para adultos com sobrepeso e enfatizou que a medicação deve ser usada juntamente com uma dieta de baixa caloria, pobre em gordura e associada a uma prática regular de atividades físicas para que seja obtido um resultado satisfatório.
A embalagem do medicamento vem dizendo que, para cada 2268 gramas perdidos por dieta, o Alli pode ajudar uma pessoa a perder de 900 a 1360 gramas a mais.
Cerca de 28% dos usuários do Alli, nos estudos realizados, perderam 5 a 10 % de seu peso corporal por um período de 6 meses, comparados a 18% dos que receberam placebo.
O medicamento pode ser usado 3 vezes ao dia nas refeições. Ele age reduzindo em 25% a quantidade de gordura que o organis-mo absorve. A gordura não digerida é eliminada pelo intestino, o que pode causar efeitos adversos como gases ou eliminação de fezes com gordura. Uma dieta pobre em gordura reduz esses efeitos colaterais. As pessoas que vão utilizar esta medicação devem usar um polivitamínico ao deitar para evitar a perda de certos nutrientes, acrescenta o FDA.
Alli é o primeiro medicamento para perda de peso sem prescrição médica aprovado pelo FDA.
Pessoas que receberam transplante de órgão não devem usar esta medicação pelo risco de interações medicamentosas. Aqueles que usam anticoagulantes ou que estão sendo tratados para diabetes ou doenças da tireóide devem consultar um médico antes de usar o Alli.
O Xenical, da Roche, e o Meridia, do Laboratório Abbott, continuam sendo vendidos com prescrição médica e o laboratório Sanofi-Aventis espera a aprovação do Acomplia.
