Casal de brasileiras consegue benefícios de imigração na Flórida

Por Marisa Arruda Barbosa

casamento mulheres

Não foi a falta de uma lei na Flórida que impediu que as brasileiras K.S. e C. M. se casassem no ano passado. E não foi também a falta dessa lei que impediu que K.S., cidadã americana, desse o green card à C.M.

Quando as duas resolveram se casar, em outubro de 2013, precisaram viajar a Baltimore, onde o casamento gay é permitido. “Nós nos informamos antes e vimos que teríamos que esperar uns dias desde a retirada da licença até podermos nos casar. Mas quando explicamos nossa situação e que tínhamos pouco tempo, eles abriram uma exceção e nos casamos no mesmo dia”, conta K.S. que preferiu que o nome do casal não fosse divulgado por motivos de privacidade.

Em um vai e vem de leis, tudo indica que a partir do dia 6 de janeiro, casais como K.S. e C.M. possam se casar na Flórida e não precisem ir a outro estado para conseguir esse direito. Depois de casados, como as leis de imigração são federais, casais homossexuais poderão entrar com o pedido de green card, se forem elegíveis.

K.S. e C.M., respectivamente com 25 e 26 anos de idade e que vivem em Pompano Beach, deram entrada junto à imigração em fevereiro de 2014 e, segundo elas, o processo correu normalmente. “Eles pediram bastante provas sobre nossa união. Mandamos fotos, provas de que vivemos juntas. Mandamos até coisas demais”, explica K.S.

“Perguntaram como nos conhecemos, se conhecemos as famílias uma da outra. Fomos sinceras e eles foram bem respeitadores. Imagino que não vejam tantos casos como o nosso no dia a dia, mas pareceu que a Imigração está bem preparada para lidar com isso”.

Depois da entrevista, as duas foram informadas que saberiam da decisão com uma carta pelo correio. Mas, na verdad,e o green card de C.M. veio antes da carta, no início de novembro. “Demorou menos de duas semanas”, comemora K.S.

Mesmo sem uma lei na Flórida, o casal conta que não teve nenhum problema até o momento em questões burocráticas. “Já fizemos o nosso imposto de renda juntas, fomos informadas que podemos comprar uma casa, pedir empréstimo financeiro na escola. Até agora, não tivemos problema nenhum. Algumas vezes pedem provas de que somos casadas e nós mostramos”, conta K.S. “Mas isso serve como exemplo de que não foi a falta de uma lei na Flórida que nos impediu de realizar esse sonho”.

Agora, com as festas de fim de ano, K.S. conta que a única coisa é que ainda precisa se dividir entre as famílias. Além de uma possível lei que ajude com que outros casais da Flórida não precisem ir tão longe para se casarem, K.S. torce pela aceitação de sua mãe em 2015. “A minha mãe é a única que não aceita nossa história, mas estamos trabalhando nisso”.

Lei na Flórida

A Suprema Corte dos Estados Unidos anunciou, no dia 19, que não vai bloquear os casamentos de pessoas do mesmo sexo na Flórida. Por isso, o Estado poderá começar a realizar essas uniões a partir de 6 de janeiro.

Com essa decisão, a Suprema Corte rejeita o pedido apresentado pela procuradora-geral da Flórida, Pam Bondi, ao juiz federal Clarence Thomas, encarregado de tramitar os recursos legais contra a união entre pessoas do mesmo sexo que foram interpostos pelos Estados de Flórida, Alabama e Geórgia. Fontes judiciais informaram que a Suprema Corte opinou, por maioria de sete votos a dois, rejeitar o pedido da procuradoria-geral da Flórida e, portanto, as uniões matrimoniais entre homossexuais poderão ser realizadas no estado.

“Este é um dia emocionante para todas as famílias da Flórida. Como explicamos para o tribunal, a cada dia que a proibição continua em vigor, os casais estão sofrendo danos reais”, disse o advogado do American Civil Liberties Union da Flórida, Daniel Tilley. “Estamos gratos que o tribunal reconheceu isso e que, com o resultado, esses dias estão finalmente chegando ao fim”.

Em agosto, um juiz da Flórida deu a razão à União Americana de Liberdades Civis (ACLU, sigla em inglês), que tinha recorrido da proibição do casamento gay, determinada pela Constituição da Flórida. Esse preceito constitucional que proíbe o casamento gay foi aprovado em 2008 em um referendo com 62% de apoio popular. O juiz anulou essa norma, mas deu tempo, até 5 de janeiro, para que a procuradoria-geral da Flórida recorresse da decisão. A decisão do dia 19 rejeita de forma definitiva o recurso da procuradoria-geral da Flórida e permitirá os casamentos entre homossexuais no estado a partir de 6 de janeiro de 2015. Até agora, a maioria dos juízes que deverão se pronunciar sobre o assunto se posicionaram a favor do casamento gay e contra as proibições estaduais.