Casamento Gay: justiça e igualdade para todos

Por Gazeta Admininstrator

O Supremo Tribunal Federal, a maior instância da Justiça Brasileira determinou que a partir de agora sejam reconhecidas como plenamente legítimas as uniões civis entre parceiros do mesmo sexo, colocando o Brasil ao lado das nações mais avançadas no campo do reconhecimento à igualdade de direito de todos os cidadãos, independente de sua orientação sexual.

O Brasil de tantos problemas e de tantas renovadas esperanças, mostra ao mundo que não é apenas na economia que nossa sociedade está avançando. País tradicionalmente machista, carola e comportamento super-conservador, o Brasil tem mudado significativamente nas últimas décadas, reconhecendo uma realidade que é fato não só em nosso país, mas em todo o mundo.

A decisão do STF preservou, como sonhavam católicos e evangélicos (duas grandes forças antigays do Brasil), o uso da palavra ‘casamento’, que é a trincheira-retórica na qual se agarram os mais conservadores, para preservar aquela instituição que teimam em considerar como “única forma de união aceitável”.

Da mesma forma que devemos reconhecer o direito e a liberdade que essas pessoas têm de entender a vida, o casamento e o comportamento das pessoas de acordo com suas crenças religiosas, temos o dever de defender a total imparcialidade do Estado. Não cabe ao Estado e muito menos a qualquer governo, legislar sobre os direitos individuais de quem quer que seja.

Uma Democracia como o Brasil já é, não pode discriminar seus cidadãos com base em nenhum tipo de valor ético, moral, religioso, racial ou de gênero.

Imaginem senhores católicos e evangélicos, se algum dia o Estado se investir no poder (como fazem os regimes comunistas) de eliminar a liberdade religiosa? Certamente seria um absurdo, uma monstruosidade tão grande quanto negar a qualquer cidadão brasileiro o direito de casar com quem bem entender e desejar.

O conceito de “família” evoluiu muito. Vive-se hoje uma realidade enormemente distante do tempo em que uma “família” era definida de forma rígida, por um chefe de família, sua obediente esposa e sua prole numerosa.

Já há bastante tempo, uma “família” se define pelos laços afetivos verdadeiros, reais, concretos e não o medieval “laço sanguíneo”, laço este que não impediu durante séculos que fossem mantidos, a ferro, fogo, humilhações, frustrações e culpa, casamentos fracassados, uniões mentirosas e irreais e o que é pior, produzindo filhos de casamentos sem amor, sem base, sem pé nem cabeça.

Quantos homens e mulheres mantiveram (e ainda mantêm) relacionamentos heterossexuais mentirosos, unicamente apavorados pelo temor e vergonha à condenação pública?

Quantos filhos de casamentos desajustados e infelizes, se tornam adultos marcados pela hipocrisia do chamado “matrimônio socialmente aceito”. O mundo mudou, muda o tempo todo e , graças a Deus, nessa área o Brasil não fez um papel ridículo como o do Chile, país onde, ainda hoje não existe lei de Divórcio.

Para os milhões de brasileiros, a legalização das uniões de pessoas do mesmo sexo representa não o “folclore” de “brincar de casamento”. Essa é uma caricatura ignorante, uma representação imatura que os próprios opositores da igualdade de direitos, sempre colocam como “poster” da luta da minoria.

Representa sim: direito a acompanhar seus parceiros na saúde ou na doença, sem serem escorraçados de hospitais e velórios, por parentes homofóbicos que cansaram de proporcionar espetáculos de intolerância e desrespeito a relações estáveis de décadas.

Representa ter os mesmos direitos que os chamados “casais tradicionais”, a pensões, heranças, acesso a financiamentos familiares para casa própria. Representa ter os mesmos direitos que todos os demais cidadãos – até mesmo criminosos – possuem perante a Constituição.

Por isso, o direito dos gays e lésbicas é irrefutável. Há uma década atrás, quando pela primeira vez a união legal entre gays entrou na “pauta” de discussão dos candidatos à Presidência dos Estados Unidos, houve quem garantisse que esse direito jamais seria reconhecido no reacionário, conservador “status quo” norte-americano.

Desde então, 19 países do mundo, alguns tido como extremamente “religiosos” como a Espanha, já reconhecem a união entre homossexuais. E mesmo no atrasadíssimo Estados Unidos, cinco estados já legalizaram essa possibilidade e a questão não é “se” mas “quando” esse direito será reconhecido pela Suprema Corte. Não demora muito.

Em uma época em que tudo o que acontece no Brasil repercute em todo o mundo e que Washington já não nos trata como “quintal”, certamente a decisão do nosso Supremo Tribunal Federal manda uma mensagem do tipo “acorda Tio Sam”, para que os Estados Unidos, que se orgulhem de tanta coisa sensacional que fazem e de se autoproclamarem “campeões mundiais dos direitos individuais” deixem de ser envergonhados pelo atraso medieval em uma área crucial dos Direitos Humanos.