Catástrofe em Santa Catarina era prevista

Por Gazeta Admininstrator

Os estragos causados em Santa Catarina após a chuva intensa da última semana eram previstos, segundo o engenheiro agrônomo da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), José Augusto Laus Neto.

Para o engenheiro, os deslizamentos de terra, que ocorreram principalmente nas cidades do Vale do Itajaí, decorrem da ocupação irregular das encostas e da retirada das árvores maiores da mata, além do descaso de algumas autoridades. “Não sejamos ingênuos de achar que um evento desta natureza seja uma manifestação da natureza. A ação do homem em cima destas áreas é muito importante para a ocorrência destes eventos, que vão continuar ocorrendo”, afirma.

Aliada à ação antrópica — realizada pelo homem —, a instabilidade presente no solo provocou os deslizamentos de terra em Santa Catarina. O solo das regiões atingidas, segundo Laus, tem uma grande concentração de argila nas camadas inferiores que, combinadas com uma camada superior muito leve, propiciam a entrada de água com mais facilidade.

A água, que encontra um impedimento de drenagem, tende a escorrer paralelamente pela superfície do solo entre as duas camadas. A superficial, que está saturada, não agüenta o peso da água e desmorona.

Número de mortos chega a 117
O número de pessoas que morreram em decorrência dos temporais que atingiram Santa Catarina subiu para 117, de acordo com o último boletim divulgado pela Defesa Civil estadual. Outras 31 continuam desaparecidas e mais de 69 mil estão desabrigadas ou desalojadas. Entretanto, a quantidade de pessoas em abrigos ou alojadas em casas de familiares e amigos, segundo o órgão, começa a diminuir. Na última segunda-feira (1º), o total chegava a mais de 78 mil.

A previsão da Defesa Civil é que o índice caia ainda mais com a melhora do tempo na região.

Dados da Defesa Civil mostram que o número de desabrigados chega a 1,2 mil no município de Ilhota, 100, em Camboriú, e 20, em Itapema. Navegantes, Penha, Piçarras, Porto Belo e Balneário Camboriú não registram desabrigados. Entre os desalojados, porém, apenas Navegantes e Itapema não apresentam ocorrências.

Penha (1215), Piçarras (920), Ilhota (850), Camboriú (300), Porto Belo (100) e Balneário Camboriú (17) confirmaram a procura de abrigos por desalojados.

Entre os municípios da Grande Florianópolis, apenas as cidades de Antônio Carlos, Florianópolis e Santo Amaro da Imperatriz registram desalojados e desabrigados. Na capital catarinense, há 16 pessoas em abrigos.

De acordo com a Defesa Civil de Santa Catarina, os outros municípios atingidos pelas enchentes ainda não confirmaram o número de desalojados e desabrigados.