Por Leticia Kfuri
Pelo menos 120 pessoas ficaram impossibilitadas de voltar para suas casas após a explosão, possivelmente provocada por vazamento de gás propano, em um apartamento localizado no terceiro andar no bloco 1300 do condomínio Deerfield East Apartment, na 8th Ave-nue, próximo à loja Target. Dez pessoas ficaram levemente feridas e foram encaminhadas para o North Broward Hospital, com queimaduras e intoxicação, e liberadas em seguida. Por causa da proporção da explosão, equipes do Corpo de Bombeiros consideraram “um milagre” não ter havido vítimas fatais.
A explosão aconteceu por volta das 5:30 da manhã em um apartamento no último andar. Acredita-se que os moradores sejam brasileiros e não estavam em casa na hora da explosão. No edifício moram 30% de brasileiros, 30% de hispânicos, 30% de haitianos e 10% de americanos.
Logo após a explosão, centenas de pessoas ficaram no estacionamento da loja Target, ao lado do local do incidente, aguardando informações e auxílio. Apavorados, muitos moradores deixaram suas casas vestindo apenas roupas íntimas, ou enrolados em toalhas. Água, roupas e alimentos foram distribuídos pela Cruz Vermelha aos desabrigados. Mais de 40 carros do Corpo de Bombeiros foram acionados para o local. O acesso foi interditado desde a 10th Street até a 48th Street, próximo à concessionária Toyota.
O brasileiro que identificou-se apenas como Juliano, morador do edifício, informou que, por volta das 10:30 da noite do dia anterior, sentiu um forte cheiro de gás em seu apartamento, localizado no mesmo andar da explosão. Ele disse ter tentado avisar à administração do condomínio mas, segundo ele, ninguém atendeu o telefone. Informalmente, muitos moradores reclamaram da má administração do condomínio. O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Deerfield, Gary Fernaays, informou que nenhum contato foi feito para reclamar de qualquer vazamento de gás.
O edifício, construído há 40 anos, não foi submetido à inspeção anual de incêndio, não tinha alarmes de incêndio e, na última inspeção, realizada em março de 2006, apresentou 14 violações ao código de segurança, informou Fernaays.
Ele acrescentou que o sistema de gás abastece a lavanderia e os aquecedores de água do condomínio. Possivelmente, uma falha no sistema de gás seria a responsável pela explosão e pelo incêndio no edifício, que chegaram a fazer ruir parcialmente o teto da construção. A confirmação sobre as causas da explosão só será divulgada após a conclusão da perícia. Uma segunda hipótese investigada, que foi denunciada ao Flórida Bureau of Liquefied Pretroleum Gas Inspection é a de que quantidades de gás propano estariam sendo armazenadas inadequadamente no complexo de apartamentos.
Fernando Rios, morador do apartamento acima daquele onde ocorreu a explosão, disse que o impacto foi tão violento que o jogou para fora da cama, quebrou as janelas e fez com que os cacos de vidro se espa-
lhassem sobre ele e a sua mulher. “Eu vi as janelas se desmanchando e achei que fosse uma bomba, um ato terrorista”, disse Rios. Com a porta empenada por causa do impacto, Rios teve que arrombá-la para fugir das chamas que já tomavam conta de seu apartamento.
Pia Infante, também moradora do terceiro andar, disse que uma parte do teto ruiu e a deixou presa na cama. Desesperada, Pia conseguiu sair. Vestindo apenas uma camiseta, ela correu, ignorando os pedidos de socorro de vizinhos. Pouco depois, ela chorava em choque. “O meu coração dói de saber que não os ajudei, mas tudo estava tomado pelo fogo”, disse.
O voluntário da Cruz Vermelha, Leandro Oliveira, que foi ao local auxiliar as vítimas, informou que os desabrigados foram, incialmente, levados para um abrigo da American Red Cross para que fosse feita uma triagem e identificação dos desabrigados. “O proprietário do complexo de apartamentos ofereceu-se para pagar a estada dos desabrigados em um hotel”, informou Thomas McFadden, porta-voz da Cruz Vermelha. A administração do edifício, informou Carter, está se empenhando para localizar apartamentos disponíveis para reacomodar os desabrigados em ou-tros edifícios.
Viagem
O Consulado Brasileiro em Miami informou que aqueles brasileiros que perderam seus passaportes no incêndio, e pretendem viajar para o Brasil, poderão solicitar autorizações de viagem ao Consulado. A emissão de segunda via de passaporte, no entanto, só poderá ser feita mediante a apresentação de documento brasileiro de identificação, com foto.
(Colaboração: Bill Paparazzi).

