Celulares poderão ser usados para estimar multidões

Por Gazeta News

[caption id="attachment_88222" align="alignleft" width="300"] Pesquisa explora o que a atividade online pode revelar sobre o comportamento humano.[/caption]

Uma universidade britânica está desenvolvendo um novo meio de estimar multidões em protestos ou outros eventos de massa: através da análise de dados geográficos de celulares e Twitter. Pesquisadores da Warwick University, na Inglaterra, analisaram a geolocalização de celulares e de mensagens no Twitter durante um período de dois meses em Milão, na Itália.

Em dois locais com números de visitantes conhecidos – um estádio de futebol e um aeroporto – a atividade nas redes sociais e nos celulares aumentou e diminuiu de maneira semelhante ao fluxo de pessoas. Os autores do estudo dizem que embora ainda haja limitações, os resultados foram “um excelente ponto de partida” para mais estimativas do tipo – com mais precisão – no futuro.

“Estes números são exemplos de calibração nos quais podemos nos basear”, disse o coautor do estudo, Tobias Preis. O estudo, divulgado na publicação científica Royal Society Open Science, é parte de um campo de pesquisa em expansão que explora o que a atividade online pode revelar sobre o comportamento humano e outros fenômenos reais. Federico Botta, estudante de PhD que liderou a análise, afirmou que a metodologia baseada em celulares tem vantagens importantes sobre outros métodos para estimar o tamanho de multidões – que costumam se basear em observações no local ou em imagens.

Margem de erro Com dois meses de dados de celulares fornecidos pela Telecom Italia, Botta e seus colegas se concentraram no aeroporto de Linate e no estádio de futebol San Siro, em Milão.

Eles compararam o número de pessoas que se sabia estarem naqueles locais a cada momento – baseado em horários de voos e na venda de ingressos para os jogos de futebol – com três tipos de atividade em telefones celulares: o número de chamadas feitas e de mensagens de texto enviadas, a quantidade de internet utilizada e o volume de tuítes feitos.

“O que vimos é que estas atividades realmente tinham um comportamento muito semelhante ao número de pessoas no local”, afirma Botta. Isso pode não parecer tão surpreendente, mas, especialmente no estádio de futebol, os padrões observados pela equipe eram tão confiáveis que eles conseguiam até fazer previsões. Houve dez jogos de futebol no período em que o experimento foi feito. Com base nos dados de nove jogos, foi possível estimar quantas pessoas estariam no décimo jogo usando apenas os dados dos celulares.

“Nossa porcentagem absoluta média de erro é cerca de 13%. Isso significa que nossas estimativas e o número real de pessoas têm uma diferença entre si, em valores absolutos, de cerca de 13%”, diz Botta. De acordo com os pesquisadores, esta margem de erro é boa em comparação com as técnicas tradicionais baseadas em imagens e no julgamento humano.

Eles deram o exemplo da manifestação em Washington, capital americana, conhecida como “Million Man March” (Passeata do milhão, em tradução livre) em 1995, em que mesmo as análises mais criteriosas conseguiram produzir estimativas com 20% de erro – depois que medições iniciais variaram entre 400 mil e dois milhões de pessoas. Fonte: BCC.