César Augusto, três décadas de história

Por Gazeta News

Ce?sar em entrevista com Leandrinho

O ano era 1986, o que, no mundo de hoje, que gira tão rápido, pode ser considerado um passado distante. César Augusto estava cursando o segundo ano de jornalismo, na PUC de Campinas, quando pediu emprego na TV Campinas, afiliada da Globo. O cargo oferecido foi de gerador de caracteres. Ele ficava atrás das câmeras. Era responsável por escrever o nome dos entrevistados. Depois de um tempo, já conhecido dos editores dos telejornais, conseguiu um “estágio” como rádio escuta. A função era passar o dia telefonando para vários lugares tentando encontrar reportagens interessantes para serem produzidas para o telejornal. Um dia, uma repórter faltou (Renata Ceribelli, que hoje é correspondente da Globo em NY) e o então chefe de redação, apontou para o lado do César e falou: é a sua chance, garoto.

Era garoto, quase moleque. No começo deixou claro seu estilo abusado. Em uma de suas primeiras coberturas, foi fazer um “ao vivo” de uma feita de antiguidades. A apresentadora, experiente e conceituada da emissora, perguntou:

- Tem alguma novidade por aí, César.

Foi quando o “repórter moleque” respondeu:

- Nenhuma novidade, isso é uma feira de antiguidades. A coisa mais nova aqui deve ter uns 30 anos.

Arrancou risadas e chamou a atenção. O tom bem humorado do repórter virou marca registrada. Dessa história até hoje se passaram 30 anos. César começou como repórter de assuntos gerais, mas não demorou para ser chamado para cobrir as reportagens esportivas - assunto pelo qual ele é apaixonado até hoje. César, em 91, foi convidado a fazer parte do seleto time de repórteres da Globo de São Paulo. Lá cobriu grandes eventos esportivos, entrevistou alguns dos maiores atlétas do mundo e teve a oportunidade de participar de três copas - França, Coreia e Japão e Alemanha, os jogos Olímpicos de Atlanta, campeonatos internacionais de vôlei e basquete e várias temporadas da Fórmula 1. Entre os entrevistados mais ilustres estão Pelé, Ayrton Senna, Magic Johnson, Mike Tyson, entre tantos outros.

Uma dessas entrevistas, que entra para a lista de especiais, foi com Evander Hollyfield, em 1997, poucas horas depois do boxeador ter sido mordido por Mike Tyson. César Augusto foi o primeiro repórter a conversar com o atleta americano, antes mesmo dos repórteres das emissoras dos Estados Unidos. Os furos de reportagem fazem parte desses 30 anos de histórias. César esteve presente em grandes momentos do esporte. Registrou o título mundial de Schumacher, medalhas de ouro do iatismo brasileiro nos Jogos de 96, estava na primeira fila, colado no octógono, quando Anderson Silva fraturou a perna.

“Umas das coberturas mais difíceis da minha vida foi acompanhar o atentado nos jogos olímpicos de Atlanta. Uma bomba explodiu no Centenial Park, no centro de Atlanta. Ninguém sabia direito o que tinha acontecido. Eu já estava dormindo quando meu chefe me ligou e me mandou pala lá. Fui o primeiro repórter a entrar ao vivo, passando as informações do ocorrido para o Brasil. Me lembro da correria como repórter e da angústia como ser humano”, lembra César. Em 2003, César foi convidado a fazer parte do primeiro programa da Tv Globo Internacional. Por 5 anos ficou a frente das reportagens do Planeta Brasil. Viajou o mundo contando histórias dos brasileiros, onde diz que aprendeu muito.

“Foi uma época de descobertas. Era o primeiro programa da Globo Internacional. “Dar cara” a esse programa era um desafio. As histórias dos imigrantes foram contadas pela primeira vez na TV. Foi a época que eu mais comi pão de queijo na minha vida. (risos) Em todas as casas que eu ia, era recebido com muito carinho. Foi uma experiência incrível”, conta César. César continua contando as histórias dos imigrantes. Vez ou outra ainda tem a chance de entrevistar os brasileiros que moram nos Estados Unidos, mas atualmente se dedica muito a cobertura de preparação para os Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro.

Recentemente, por exemplo, César conversou com os atletas do basquete Leandrinho, que joga no atual campeão da NBA Golden State Warriors, e Marcelo Huertas, do Los Angeles Lakers. “No dia em que fui entrevistar o Huertas assisti ao jogo do Lakers. Vi Kobe Bryant em quadra. Dias depois ele anunciou que vai parar de jogar. Vi um dos maiores de todos os tempos na reta final. Mais uma para a coleção”. Nos Estados Unidos, César acompanha todos os esportes. De ginástica olímpica ao UFC, esse último, uma de suas paixões. “Todo mundo pergunta como é cobrir o UFC. Eu adoro. Treino jiu-jitsu. Sou apaixonado pelo esporte. Gosto das histórias dos lutadores. Muitos atletas têm uma vida marcada por determinação, suor e conquistas. Gosto de contar um pouco disso tudo”, diz o repórter.

Com bom humor e profissionalismo César é, sem dúvida, um dos maiores repórteres da TV brasileira. Sorte a nossa - nesses 30 anos - de sermos os espectadores.

CÉSAR E AS ESTRELAS Entre os inúmeros entrevistados de César Augusto, estão o ícone Ayrton Senna e estrelas brasileiras da NBA.

[caption id="attachment_101371" align="alignleft" width="300"] Ayrton Senna fez parte dos entrevistados pelo jornalista.[/caption] [caption id="attachment_101372" align="alignleft" width="254"] Com Kaká, em recente entrevista.[/caption] [caption id="attachment_101373" align="alignleft" width="300"] Marcelo Huertas, jogador do Lakers.[/caption] [caption id="attachment_101374" align="alignleft" width="300"] Com Leandrinho.[/caption]