Passados alguns anos, os Estados Unidos ainda sofrem as consequências da recessão econômica, principalmente com seus reflexos no mercado de trabalho. Por isso, o Federal Reserve (Fed) deve agir cautelosamente ao determinar quando a economia estará forte o suficiente para que a taxa de juros suba, segundo Janet Yellen, chefe do banco central norte-americano. As informações são da “Reuters”.
Em discurso na conferência de bancos centrais em Jackson Hole, no dia 22, Yellen apresentou em detalhes os motivos pelos quais sustenta que a taxa de desemprego sozinha não é suficiente para avaliar a força do mercado de trabalho dos EUA e porquê o Fed precisa agir cautelosamente ao decidir quando elevar os juros.
Ao mesmo tempo, ela acenou às preocupações de algumas autoridades do Fed que estão cada vez mais apreensivas com o nível do estímulo de política monetária do banco central.
A taxa de desemprego tem caído mais rapidamente do que o esperado, mas Yellen afirmou que os problemas econômicos dos últimos cinco anos deixaram milhões de trabalhadores afastados do mercado, desencorajados ou presos em empregos de meio período. Essa realidade não é capturada pela taxa de desemprego.
Julgar se a economia está perto do pleno emprego é algo "complicado pelas mudanças contínuas na estrutura do mercado de trabalho e a possibilidade de que a recessão severa tenha provocado mudanças persistentes no funcionamento do mercado de trabalho", disse Yellen.
Ela admitiu que existe risco de o Fed ter interpretado mal o grau de ociosidade no mercado de trabalho e possa ter de mexer nos juros rapidamente. Mas afirmou que existe também uma chance de que a economia possa decepcionar ou de que trabalhadores afastados possam retornar à força de trabalho, aliviando qualquer pressão inflacionária.
"Não existe receita simples para uma política apropriada", disse Yellen, pedindo uma postura "pragmática" que dê às autoridades espaço para avaliar dados conforme eles chegam, sem se comprometerem com um caminho pré-determinado.
Na última reunião do banco central em julho, algumas autoridades argumentaram contra caracterizar o tamanho da ociosidade no mercado de trabalho como "significativa", o que o Fed fez em seu comunicado pós-reunião. Muitas autoridades concordaram que essa caracterização pode ter que mudar em breve.