Chernobyl: A tragédia nuclear completa 20 anos.

Por Gazeta Admininstrator

20 anos se passou desde maior acidente nuclear da história - a explosão da usina nuclear de Chernobyl – que até hoje deixa marcas na ex-União Soviética.

Muitos moradores que habitavam perto da usina morreram pouco tempo após a radiação se espalhar. Vários sobreviventes desenvolveram câncer. Além dos males aos habitantes, que tiveram que deixar suas casas da noite para o dia, o solo também foi contaminado, condenando qualquer plantio, pois vários dos componentes radiativos liberados pela explosão levarão séculos para perder a radioatividade.

"Este foi o maior acidente nuclear por conta do número de pessoas atingidas e também pelas altas doses de radiação. Considerando estes dois fatores, o acidente de Chernobyl supera os danos causados em Hiroshima e Nagasaki cidades japonesas bombardeadas no final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)", analisa Sandra Bellintani, cientista de radioproteção do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares).

Nesta semana, o presidente ucraniano, Viktor Yushchenko, pediu ajuda financeira à comunidade internacional.

"Precisamos nos livrar do estereótipo de Chernobyl como uma inflamação incurável no corpo da Ucrânia. Chernobyl deve enfrentar uma nova era marcada pela recuperação", disse Yushchenko nesta segunda-feira(24), durante um evento internacional sobre radiação.

Na ocasião, o presidente ucraniano também ressaltou que US$ 15 bilhões já foram investidos ao longo desses 20 anos na tentativa de minimizar as conseqüências dessa tragédia.

Apesar dos pedidos de ajuda, novos dados revelam um cenário nada animador: duas décadas depois da tragédia ainda existem moradores expostos ao perigo. Em uma região da Ucrânia, citada pela France Presse, pelo menos 350 camponeses vivem em uma área de risco perto usina.

Como fazem para sobreviver?
Para se alimentar, plantam verduras e criam animais, como qualquer camponês, porém, no caso deles, os alimentos são "um verdadeiro veneno", como os elementos radioativos se espalharam pelo ar e também se depositaram no solo, este tipo de alimentação contribui para o aumento das doses de radiação. "De qualquer maneira, a morte vai chegar um dia", diz a camponesa Maria Chetchenko, 65, citada pela France Presse.

Este tipo de reação é comum entre os moradores que foram atingidos pela tragédia. De acordo com pesquisa da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), o rompimento de círculos sociais, a iminência de doenças e o abandono de suas casas criam entre a população sentimentos de depressão, ansiedade e também sintomas físicos inexplicáveis.

Os efeitos psicológicos são também semelhantes entre aqueles que passaram pela experiência de Chernobyl e os sobreviventes de ataques atômicos [como os de Hiroshima e Nagasaki]. Denominados globalmente como "vítimas de Chernobyl", muitos se dizem inválidos. "Eles não se vêem como sobreviventes, mas sim como pessoas fracas que não têm nenhum controle sobre seu futuro", conclui o relatório da agência da ONU.