Cidade onde Jean Charles nasceu está de luto

Por Gazeta Admininstrator

Os amigos assistem às imagens gravadas no carnaval deste ano. São cenas de Jean Charles de Menezes (morto por policiais britânicos à paisana em uma perseguição no metrô de Londres na semana passada) feliz numa casa de praia do litoral do Espírito Santo. A professora Maria Aparecida do Amaral guarda a lembrança de Jean adolescente, aluno dedicado na escola.

"Era um dos mais inteligentes da sala e ele sabia esperar a gente ensinar os mais fracos. Eu não vou consegui esquecer o sorriso dele", lembra ela.

Dona Maria, a mãe de Jean passou mal. Foi trazida nesta segunda-feira para ao centro de Gonzaga (MG), medicada e levada para casa. A fazenda onde os pais moram fica distante da cidade e não tem telefone. Desde a morte de Jean Charles, é pela televisão que a família acompanha as notícias sobre as investigações em Londres.

O pai, Matozinhos Otoni da Silva, não se conforma com a informação de que o governo britânico não vai liberar o corpo enquanto as apurações não forem concluídas.

"É uma dor que fica no coração da gente a vida inteira e quanto mais tempo passar sem ele chegar aqui a gente fica sempre fica preocupado, não pode nem dormir", conta o pai.

Durante a tarde desta segunda-feira, os moradores de Gonzaga fizeram um protesto. Cantaram o hino nacional, fizeram um minuto de silêncio. A cidade está de luto. De acordo com a prefeitura, dos seis mil habitantes, 1,5 mil trabalham no exterior.

As amigas se emocionam. Olham fotos do último dia do mineiro em Gonzaga. Jean se despedia com a certeza de voltar para o Brasil.

"Ele queria era mesmo voltar para o Brasil ficar aqui, ficar lá mais dois anos e nunca mais ir para lá. Morar aqui, ficar aqui junto com os familiares junto com os amigos. Hoje eu tenho certeza que ele não quer ver a gente chorando, mas não tem como", recorda Aline de Moura, amiga de Jean.