Cientista suspeito de ataques com antrax se suicidou

Por Gazeta Admininstrator

Um cientista do governo americano que participou na investigação dos ataques com cartas envenanadas com antrax nos Estados Unidos, em 2001, se suicidou quando ia ser indiciado pelos ataques, informou nsta sexta-feira o jornal Los Angeles Times.

Bruce Ivins, de 62 anos, não havia sido acusado publicamente como suspeito no caso das cartas com antrax enviadas a dois senadores e vários jornalistas depois dos ataques de 11 de setembro, no pior ataque biológico do país que causou pânico à população.

Ele trabalhava há 18 anos num laboratório de elite de investigação sobre armas biológicas, em Fort Detrick, em Maryland, e ajudou os investigadores do FBI numa análise de um dos envelopes com antrax enviado no outono de 2001 ao escritório de um senador em Washington.

Segundo o Los Angeles Times, ele utilizava a bactéria do carvão para fins de experiências sobre vacinas.

Seu nome não foi publicamente citado como suspeito neste caso mas, segundo o Washington Post, que não citou fonte, a acusação cogitava pedir pena de morte contra ele.

Contatado pela AFP, o FBI não quis neste momento fazer comentário oficial.

"Há seis anos, o doutor Bruce Ivins cooperava na investigação e ajudava o governo em qualquer questão ligada a ela", afirmou seu advogado, lamentando a pressão incessante exercida sobre ele por estas acusações e insinuações.

Em 5 de outubro de 2001, Bob Stevens que trabalhava para o Sun, na Flórida, morreu da doença do carvão, se tornando a primeira vítima de bioterrorismo em território americano.

Por razão desconhecida, os ataques pararam em 21 de novembro do mesmo ano, após uma última morte, uma mulher de 94 anos em Connecticut.

Os cerca de 90 investigadores que trabalhavam neste caso em tempo integral um ano mais tarde fizeram o retrato do tipo do assassino: um cientista que atuava sozinho ou com cúmplices, residente no território americano e perfeitamente informado dos métodos de manejo do perigoso bacilo.

Contactado pela AFP, o FBI não quis fazer comentários imediatos.

"Não estamos fazendo qualquer comentário oficial ou emitindo comunicados neste momento", afirmou Debbie Weierman, porta-voz da polícia federal em Washington.

Num comunicado, o advogado de Ivins, confirmou a investigação em andamento e assegurou que seu cliente era inocente.

"Estamos tristes por sua morte e decepcionados que não teremos a oportunidade de defender seu nome e reputação num tribunal. Asseguramos sua inocência nessas mortes e teríamos provado isso num julgamento", acrescentou.

A morte de Ivins acontece meses depois que o Departamento de Justiça conseguiu que o acesso do especialista a áreas mais sensíveis do trabalho fosse limitada, o que o acabou forçando a se afastar em setembro.

Sua morte na quinta-feira, sem nenhuma menção a suicídio, foi anunciada por seu ex-colegas através de um e-mail.

"As pessoas aqui estã muito abaladas", afirmou Caree Vander Linden, porta-voz da agência onde ele trabalhava.

Um amigo comentou com o Times que Ivins morreu de uma overdose de Tylenol misturado com codeína e um ex-colega de trabalho disse que ele estava se tratando por depressão e já tinha ameaçado se suicidar.