Cientistas descobrem pista genética sobre reincidência de câncer de mama

Por Gazeta News

Outubro é o mês de conscientização sobre o câncer de mama. Todos os anos, eventos são especialmente dedicados para angariar fundos para pesquisas e fazer com que mais pessoas façam exames preventivos.

Em tempo para o mês que se inicia, cientistas divulgaram a descoberta de uma nova pista genética sobre a reincidência de alguns cânceres de mama, o que pode levar a maior eficiência do tratamento.

Uma equipe de cientistas do Instituto Wellcome Trust Sanger de Cambridge, na Inglaterra, descobriu que os cânceres que reaparecem têm maior probabilidade de conter certos genes ou combinação de genes.

Segundo eles, a chave para o sucesso do tratamento está em atacar esses genes o mais cedo possível. As conclusões do estudo foram apresentadas no Congresso de Câncer Europeu em Viena, na Áustria.

Reincidência Uma em cada cinco pessoas com câncer de mama voltam a ter a doença ou no mesmo local do tumor original ou em outra parte do corpo. Lucy Yates, oncologista do Instituto Sanger de Cambridge, e sua equipe analisaram dados de tumores de mil pacientes com câncer incluindo 161 pessoas cuja doença voltou ou se espalhou (metástase).

Quando compararam os tumores primários e secundários, eles constataram que diferenças genéticas e outras mutações presentes em cânceres secundários são relativamente pouco comuns em tumores diagnosticados pela primeira vez.

Yates diz que as conclusões sugerem que o complemento de genes de câncer em alguns cânceres primários pode torná-los mais propensos a reaparecer no futuro, enquanto genes de câncer adicionais adquiridos após o diagnóstico podem provocar a reincidência da doença. Segundo ela, os médicos podem usar esse conhecimento para identificar pacientes com alto risco de reincidência de câncer e escolher o melhor tratamento para atacar mutações genéticas específicas.

Isso significa, segundo Yates, colher amostras do tecido do câncer para acompanhar como a doença está evoluindo e se modificando.

“Mais pesquisas são necessárias para validar essas descobertas em conjunto de dados muito maiores, mas acreditamos que, no futuro, será possível no momento do diagnóstico olhar para os genes do câncer de um indivíduo e determinar se a doença tem probabilidade de reaparecer no futuro e, nesse caso, escolher um tratamento personalizado para preveni-la”. Segundo Peter Naredi, presidente do congresso, os resultados da pesquisa foram “muito importantes na era da medicina de precisão”.

“Esse estudo destaca que devemos considerar a reincidência do câncer como um novo evento e cuidadosamente escolher o melhor tratamento para um tumor recorrente em vez de apenas se fiar na informação da primeira ocorrência”.

Jorge Reis-Filho, do Memorial Sloan Kettering Cancer Centre em New York, afirmou que o estudo demonstra “a importância de analisar características genéticas de metástases quando se escolhe o tratamento”.