Cientistas descobrem superbactéria resistente aos antibióticos na Pensilvânia

Por Gazeta News

e.coli-ed01

Pela primeira vez, pesquisadores encontraram uma pessoa nos Estados Unidos com uma bactéria resistente aos antibióticos de última geração, um caso alarmante que oficiais dizem que pode ser “o fim da linha” para os antibióticos.

Pesquisadores detectaram no mês passado a bactéria na urina de uma mulher de 49 anos da Pensilvânia. Pesquisadores do Departamento de Defesa disseram que ela tem um tipo de E. coli resistente ao antibiótico colistin, de acordo com um estudo publicado no dia 26 em uma publicação da American Society for Microbiology.

"Basicamente (esta descoberta) nos mostra que o final do caminho não está muito longe para os antibióticos, que talvez estejamos em uma situação onde teremos pacientes nas unidades de emergência ou pacientes com infecções urinárias para os quais não temos antibióticos", disse o diretor dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), Tom Frieden, em entrevista publicada no "The Washington Post".

"A descoberta anuncia a emergência de uma bactéria verdadeiramente resistente a todos os remédios", escreveram os pesquisadores do Departamento de Defesa no estudo.

A existência do "gene mcr-1", a razão pela qual esta bactéria é temível, foi encontrada pela primeira vez em novembro passado, quando um estudo de cientistas britânicos e chineses revelou sua detecção em um pequeno grupo de pessoas, carne e animais na China.

"Visto que as bactérias podem propagar estes genes entre elas, se ativa uma situação na qual podemos ver bactérias resistentes a todos os antibióticos conhecidos. E isso, certamente, é uma perspectiva aterrorizante para todos nós", disse a diretora de doenças infecciosas emergentes Beth Bell, do CDC.

Por exemplo, se a enterobactéria resistente aos carbapenemes (ERC), considerada uma "bactéria pesadelo" pelos cientistas, adquirisse resistência à colistina, seria impossível de combater.

Essa bactéria mata cerca de 600 pessoas por ano nos EUA e em 2015 foi detectada em 44 instalações médicas do país.

"Como as bactérias se reproduzem rapidamente, às vezes há mutações que permitem que certa cepa supere os antibióticos e adquira resistência a eles", explicou Bell.

"Isto, certamente, ressalta a importância de usar antibióticos só no momento correto e com a dose correta, porque o sobreuso, certamente, pode fazer com que as bactérias desenvolvam esse tipo de mecanismo de resistência", acrescentou a especialista.

Segundo Friedman, "estamos em risco de um mundo pós-antibiótico" e este cenário "não só afetaria pacientes com infecções do trato urinário ou pneumonia, mas também os 600 mil pacientes que todo ano precisam de tratamento contra o câncer". Fonte: Washington Post.