Cientistas italianos são sentenciados por não previrem um terremoto

Por Gazeta News

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Um grupo de cientistas italianos foi condenado, no dia 22, a seis anos de prisão por homicídio culposo por ter subestimado os riscos do terremoto ocorrido em L’Aquila em 2009. A sentença é inédita e tem gerado polêmicas na Itália.

De acordo com a “AFP”, entre os sete condenados estão grandes nomes da ciência na Itália, como o professor Enzo Boschi, que presidiu o Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia, e o vice-diretor da Defesa Civil, Bernardo de Bernardinis.

O terremoto, que devastou a cidade de L’Aquila, varrendo o centro histórico e deixando mais de 80 mil desabrigados, continua sendo um trauma para todos os italianos e gerou polêmicas sobre as negligências que contribuíram para esse trágico registro.

A justiça considera que as autoridades científicas divulgaram informações tranquilizadoras à população, que, caso contrário, teria conseguido agir para se proteger.

“Será um veredicto histórico”, antecipou pouco antes da decisão Wania della Vigna, advogada que representa quatro estudantes sobreviventes que residiam na recém-reformada Casa do Estudante da cidade, que desmoronou por causa do desrespeito às medidas antissísmicas.

Mais de 400 tremores sacudiram a região durante quatro meses e, apesar disso, as autoridades não tomaram medidas específicas e se limitaram a advertir que os terremotos não podem ser previstos. “Estou abatido, desesperado, estava convencido de que seria absolvido”, comentou Boschi, após tomar conhecimento da sentença.

A defesa dos acusados anunciou que vai recorrer da sentença, que proíbe também que os cientistas ocupem cargos públicos pelo resto de suas vidas.

Mais de cinco mil membros da comunidade científica escreveram uma carta aberta ao presidente da República italiana, Giorgio Napolitano, na qual asseguraram que um terremoto é impossível de ser previsto.