Cientistas mostram que droga anti-HIV combate malária

Por Gazeta Admininstrator

Medicamentos poderosos capazes de bloquear a ação do HIV no organismo também podem ser eficazes contra a malária, segundo um estudo da Universidade de Queensland, na Austrália.
Uma equipe de cientistas mostrou pela primeira vez que uma classe de anti-retroviral, chamada inibidores de protease, foi capaz de matar o parasita causador da malária nos testes realizados em laboratório. Cinco entre sete inibidores de protease disponíveis no mercado afetaram o parasita.

Os pesquisadores depois conseguiram mostrar o mesmo em testes com ratos infectados com o plasmódio falciparum, o causador do tipo mais letal de malária.

"Trata-se de um estudo bastante interessante porque podemos ter um tratamento duplo já que os portadores do HIV correm mais riscos de pegar malária", comentou David Warhurst, da London School of Hygiene and Tropical Medicine, na capital britânica.

Efeitos colaterais

Kathy Andrews, uma das autoras do estudo, disse que, apesar do preço elevado dos anti-retrovirais e da quantidade grande de efeitos colaterais que eles provocam, o seu uso pode beneficiar muitos pacientes que têm o HIV e pegam a doença. Isso se daria devido a falhas em seu sistema imunológico ou porque vivem em regiões de riscos elevados para as duas doenças como a África.

"Além disso, nós mostramos que trabalhar contra um alvo único, o parasita, pode ser uma boa opção para o desenvolvimento de novas terapias", afirma.

A cientista, no entanto, disse ainda não saber exatamente como os anti-retrovirais agem contra o parasita.

Uma teoria seria que as drogas interferem na habilidade de o parasita digerir os componentes das células sangüíneas das quais ele se alimenta quando infecta o organismo.

Os pesquisadores também testaram os remédios, com eficácia, em parasitas que desenvolveram resistência aos remédios usados contra a malária.

A malária mata mais de um milhão de pessoas por ano, infectando mais de 300 milhões – principalmente nos países da África subsaariana, onde estão 90% dos casos.