Coca-Cola é um “healthy snack”?

Por Gazeta News

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A maior fabricante de bebidas do mundo, que luta contra a diminuição do consumo de refrigerantes nos EUA, está trabalhando com especialistas em fitness e nutrição para sugerir a bebida como uma opção saudável. Em fevereiro, por exemplo, mais de mil textos foram escritos para o mês especial de saúde do coração, incluindo uma minilata de Coca-Cola como uma ideia de lanche.

A menções - que apareceram em blogs de nutrição e outros locais, incluindo jornais - mostram as muitas maneiras como empresas de alimentos têm trabalhado nos bastidores para lançar seus produtos em uma luz positiva, muitas vezes com a ajuda de terceiros, que são vistos como autoridades confiáveis.

“Nós temos uma rede de nutricionistas que trabalhamos”, disse Ben Sheidler, que se recusou a dizer quanto a empresa paga a especialistas. “Toda grande marca trabalha com bloggers ou talentos”. Outras empresas, incluindo a Kellogg e General Mills, têm utilizado estratégias como o fornecimento de aulas de educação continuada para nutricionistas, o financiamento de estudos que dá novo brilho às imagens nutricionais de seus produtos, e oferecendo boletins para especialistas em saúde. A PepsiCo Inc. também trabalhou com nutricionistas que sugerem seus chips Frito-Lay e Tostito nos segmentos de TV locais sobre alimentação saudável. Outros, como a Nestlé, usam especialistas em nutrição em conteúdo patrocinado.

Para a Coca-Cola Co., a estratégia de relações públicas com especialistas em saúde em fevereiro teve como foco o tema da “Heart Health & Black History Month”. O esforço rendeu um segmento de rádio e várias publicações on-line. Um post refere-se a uma “opção de bebida refrescante, como uma mini-lata de Coca-Cola”. Outra sugere “versões controladas de porções para seus favoritos, como minilatas de Coca-Cola, pacotes de amêndoas ou sobremesas pré-repartidas para uma refeição”. Menos é mais O foco nas latas menores não é surpreendente. Bebidas açucaradas têm sido criticadas por causa das taxas de obesidade e doenças relacionadas, e a última vez que o volume de vendas da Coca-Cola nos EUA aumentou foi em 2002, de acordo com o Beverage Digest, que acompanha a indústria. Mais recentemente, a empresa está empurrando suas minilatas como uma forma para desfrutar do refrigerante “sem culpa”. As latas também têm preços mais elevados. Por isso, mesmo que as pessoas estejam bebendo menos refrigerante, a Coca-Cola diz que pode aumentar as vendas.

Em comunicado, a Coca-Cola disse que quer “ajudar as pessoas a tomar decisões que são certas para elas” e que, assim como outras empresas do setor, trabalha com especialistas em saúde “para ajudar a trazer para o contexto os fatos mais recentes e a ciência em torno de nossos produtos e ingredientes”. A companhia disse que tudo que está sendo expressado pelos especialistas com quem trabalha tem fundamento.

Histórias sugerindo a “mini-Coke” foram publicadas em mais de mil sites. Alguns autores informam que são “consultores” de companhias alimentícias, enquanto outros dizem que as ideias expressadas são deles mesmos. Uma coluna diz que o artigo é patrocinado. Kelly McBride, que ensina Ética na  Mídia no Instituto Poynter, disse que o fraseado da divulgação de que o autor é um “consultor” para empresas de alimentos, incluindo Coca-Cola, não deixa claro que o autor foi especificamente pago pela Coca-Cola para escrever a coluna. As informações são da “Associated Press”.