Cofres fechados para a Varig.

Por Gazeta Admininstrator

A falta de um aceno positivo por parte do governo à Varig deixa ainda mais complicada a crise financeira que a empresa carrega desde 2001. Nessa última terça-feira, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ser favorável a reestruturação da companhia, desde que a União não necessite intervir financeiramente.

“Qualquer solução que não implique em gasto de dinheiro público é sempre favorável”, avalia. O acordo solicitado pela Varig junto a governo seria um aumento no prazo para o pagamento das dívidas que a empresa possui com as estatais. O que para o presidente da empresa, Marcelo Bottini, serviria como um financiamento indireto. A busca de um acordo continuam na tarde dessa quarta-feira. Às 15h, os funcionários da empresa deverão sentar novamente com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, em busca de uma solução. Porém o ministro, ainda ontem, sugeriu que o período de apoio do governo pode estar perto do fim. “Se não fosse a complacência das empresas públicas a Varig já teria quebrado há muitos anos. É só olhar o débito que ela tem com a Infraero e com a BR. Mas não sei se a complacência do governo é suficiente para ela continuar. Essa é a questão”, disse o ministro.

Até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não vem se mostrando tão acolhedor ao assunto. Após ser questionado quanto a possibilidade do governo em ajudar a companhia aérea, respondeu: Você tem que perguntar para a direção da Varig. Continuou andando, mas parou ao ouvir uma segunda pergunta: Presidente, vai ter dinheiro para a Varig? Lula balançou a cabeça negativamente e seguiu para o estacionamento oficial do Itamaraty. Ainda ontem, os funcionários da empresa fizeram manifestações na Esplanada dos Ministérios, especialmente no Congresso Nacional e Palácio do Planalto.

Desespero
Diante das circunstâncias pouco animadoras, os funcionários correm atrás de novos acordos. Chegaram a sugerir um investimento com dinheiro próprio, onde seria aplicado em torno de US$ 100 milhões a US$ 150 milhões. A dinheiro teria origem o Aerus, o fundo de pensão dos funcionários. Com esse investimento 21 aeronaves que atualmente estão paradas por falta de combustível e manutenção voltariam a operar. No entanto, a Secretaria de Previdência, responsável por fiscalizar os fundos, não permitiu a operação.

Um outro grupo de funcionários tentou mostrar a Marinho disposição até mesmo para aceitar cortes tendo em contrapartida um aceno positivo por parte do governo para o plano emergencial. Este plano, realizado pela consultoria Alvarez & Marsal, prevê o corte de 2,9 mil dos cerca de 10,5 mil funcionários da companhia e redução da folha salarial restante em 30%. A única vitória conseguida ontem foi o compromisso, feito pelo ministro, de que o plano emergencial será apresentado ao presidente Lula. “A proposta teve uma boa receptividade dos ministros. Voltamos a ter esperança de que o fim da Varig não será o da Vasp e Transbrasil” , afirmou o presidente da Associação de Pilotos da Varig (Apvar), Rodrigo Marocco, após a reunião.