Colombiano apoiado pelos EUA é favorito à presidência do Bid

Por Gazeta Admininstrator

Quatro candidatos disputavam a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) até sexta-feira – embora o prazo oficial para apresentação de candidaturas seja meia-noite deste sábado. A lista oficial só será divulgada na segunda-feira e a eleição está marcada para o dia 27 deste mês.
O favorito entre os quatro já anunciados é o embaixador colombiano em Washington, Luis Alberto Moreno, apoiado pelos Estados Unidos, que detêm 30% das ações do banco e portanto um grande poder de influência na eleição.

O ex-ministro do Planejamento João Sayad é o candidato do governo brasileiro. Sayad é vice-presidente de Finanças e Administração do Banco desde setembro do ano passado. Quando ele foi indicado para o cargo, já se comentava em Washington que seria o candidato à sucessão de atual presidente Enrique Iglesias, o que de fato aconteceu quando Iglesias decidiu anunciar sua saída do banco, em maio.

Os outros dois candidatos são o presidente do Banco Central da Nicarágua, Mario Alonso, e o ministro da Fazenda peruano, Pedro Paulo Kuczynski.

Para vencer, é preciso ter os votos de 15 dos 28 países das Américas e a maioria dos votos por representação acionária.

Depois dos Estados Unidos, os maiores acionistas são Brasil e Argentina, cada um com 10,7% do capital acionário. Os países latinoamericanos têm metade das ações, Estados Unidos e Canadá 34% e Japão, Coréia do Sul e países europeus os restantes 16%.

Poucas chances

O candidato brasileiro tem poucas chances de vencer a disputa, de acordo com analistas e diplomatas em Washington, mas é o único com alguma chance frente ao embaixador colombiano. A avaliação geral é que Sayad, apesar de economista competente, é pouco conhecido nos círculos internacionais.

A situação seria um pouco melhor se ele fosse apoiado pela Argentina, mas até o momento o governo argentino não só não declarou o apoio ao Brasil como informa extraoficialmente que pretende lançar um candidato próprio.

Há também rumores de que a Venezuela poderia lançar um candidato próprio, abrindo uma disputa pelos votos dos países centro-americanos e caribenhos, que em princípio votariam no candidato colombiano por influência americana.

Além disso, existe a percepção de que o governo brasileiro tem se empenhado pouco para promover a candidatura de Sayad. “Até agora o Brasil não fez muita campanha e se quiser ganhar precisa trabalhar mais para isso”, diz Peter Hakim, presidente do Diálogo Interamericano, uma instituição baseada em Washington que estuda as relações entre os países da região.

No Itamaraty, o discurso é que o governo brasileiro está empenhado na candidatura de Sayad e não vai retirá-la. A explicação para o pouco empenho na campanha é que o governo simplesmente não tem recursos suficientes para todas as batalhas em que está envolvido, e que no momento e prioridade é conseguir um assento no Conselho de Segurança da ONU.

O candidato peruano declarou nesta semana que estaria disposto a retirar a candidatura se avaliar que não tem votos suficientes.

Se nenhum dos candidatos conseguir a maioria dos votos na eleição do dia 27, existe a possibilidade de escolha do presidente da Corporação Andina de Fomento (CAF), Enrique Garcia. Ele é boliviano, mas a candidatura seria apresentada por vários países, em consenso. Desde o anúncio da saída de Iglesias, Garcia vem sendo apontado por analistas como seu provável sucessor.

Com um orçamento de US$ 8 bilhões, o Bid tornou-se nos últimos anos a principal fonte de financiamento para os países da América Latina, principalmente para obras de infra-estrutura e de programas de combate à pobreza.

Iglesias ficou na presidência da instituição por 17 anos. Foi eleito pela primeira vez em 1988 e reeleito em 1993, 1998 e 2003 para um mandato que vai até 2008. Ele será secretário-geral do recém-criado Secretariado Geral Iberamericano (Segib), um órgão com sede em Madri que vai cuidar de forma permanente dos assuntos dos países iberoamericanos.