O ARQUÉTIPO DA GRANDE MÃE NA VIDA DE TODOS NÓS

Por Por ADRIANA TANESE NOGUEIRA

Viver bem

Mãe!

Nossa fé na vida, esperança e validação em nosso ser mais íntimo.

Mas também nossa perplexidade, dúvida, atrito, questionamento, dor.

A mãe de todos os dias encerra em si aspectos que vão além da nossa compreensão, às vezes nos intrigam outras nos fazem sofrer sem que saibamos por quê.

A relação com a mãe é um desafio: oscilamos entre amor e distanciamento, necessidade e insegurança.

A primeira mulher das nossas vidas, aquela da qual jamais nos separaremos mesmo se mudarmos para o outro lado do mundo ou se a rejeitarmos. Mãe que acabamos por imitar sem saber como isso aconteceu, reagimos à vida dela tendo outra, completamente diferente, para um dia reencontrá-la em nós.

Mãe que nos ajuda a compreender o pai e o pai a amar o filho; que nos faz tolerar um pai abusivo porque "é pai", ou que nos afasta do pai divorciado ou em casa por mágoa e dor.

Mãe que nos ensina o bê-á-bá da vida sem uma explicação ou discurso: somente sendo.

Mãe que detém a chave do nosso coração e daquele portal que leva ao mundo misterioso e potente do inconsciente, com suas emoções, sentimentos, instintos, intuições, pesadelos e tesouros.

Toda criança nasce com um programa instalado que nos permite reconhecer A Mãe.

Mãe com M maiúscula, mãe como nutridora, cuidadora e protetora.

Nascemos com o software pronto e ativado: buscamos a mãe pelos olhos, olfato e tato.

Em princípio era a Deusa. Tudo começa com ela, graças a ela e por ela.

A Grande Mãe ou Deusa Mãe, é uma divindade feminina primordial que pode ser encontrada em formas muito diversificadas em uma ampla gama de culturas, civilizações e populações de várias áreas do mundo.

Ela aparece já a partir da pré-história, no Paleolítico e no Neolítico.

Sua figura, que se refere ao simbolismo materno de criatividade, nascimento, fertilidade, sexualidade, nutrição e crescimento.

Entre os fenícios era conhecida como Astarote, na Mesopotâmia como Ishtar, pelos semitas como Astarte, na Arábia como Atar, pelos Egípcios como Hator, pelos gregos e Romanos como Cibele e muitos outros nomes. Nas religiões afro-brasileiras é Iemanjá.

Conectada ao culto da Mãe Terra, o arquétipo da Deusa expressava o ciclo interminável de nascimento-desenvolvimento-maturidade-declínio-morte-regeneração que caracterizou tanto as vidas humanas quanto os ciclos naturais e cósmicos.

Na sua figura confluía também o mito da Grande Virgem, assim como as chamadas Vênus da Idade da Pedra, e a nossa Virgem Maria. Na mitologia andina, é conhecida como Pachamama, entre os aborígenes australianos como Kunapipi.

Pelo caminho que nossa mãe pessoa nos oferece entramos em contato com a Grande Mãe. Por este caminho aprendemos o que é amor, como é amar e iremos permanecer fiéis a esse modelo até o fim da vida, mesmo nos deparando com dores, fracassos, sofrimentos e desavenças. O que tem de errado? Por quê? Por três bons motivos: 1) porque sua mãe não era uma mulher imperfeita; 2) porque ela não era a Deusa e 3) porque o amor precisa evoluir conforme tudo à nossa volta evolui, incluindo nossas necessidades conforme crescemos e nos desenvolvemos.

O amor da mãe é um modo de amar e este precisa evoluir também.