EGO: O QUE FAZER COM ELE?

Por Por ADRIANA TANESE NOGUEIRA

Viver Bem

O Ego é o Eu, a nossa identidade consciente.

Hoje em dia, o vemos como inútil ou como vilão, como superfície deslumbrante e vazia ou como o guerreiro espiritual que irá se elevar acima na direção da luz.

Esta palavrinha surgiu com Freud: ele o nomeia pela primeira vez, transforma o Eu em EGO, colocando-o lado a lado com duas outras partes de nós: o ID e o SUPEREGO. Estas são duas grandes forças que espremem o ego sob sua influência, cada uma o querendo dominar.

O pobre do Ego não tem como tomar nenhuma atitude precipitada, porque iria perder, ou seja, iria cair numa neurose braba. Ele precisa é aprender a se equilibrar em meio aos dois superpoderes: por um lado as coisas estranhas que sente dentro de si, as emoções que assustam, as pressões que incomodam, os medos que bloqueiam: ou seja, o Inconsciente; por outro lado, o "certo", o "correto", o que vai render dinheiro, ou amizades, ou namorado/a, ou "sucesso", como se tem que ser, como os outros te mostram que é certo, como a pessoa famosa exibe que é sucesso, como você quer ser porque acha que assim finalmente será feliz:

ou seja, o Superego.

É importante aprender sobre as duas forças que te espremem te deixando sem saber o que fazer ou te vendo fracassando o tempo todo no que está tentando realizar. Só assim poderá entender o que é de fato "auto-sabotagem" e como desconstruí-la e aprender também o que significa ter "ego fraco" e "ego forte" nesta perspectiva e como obter então um ego saudável.

A de Freud é uma visão que podemos enxergar bem hoje em dia: a mídia e os lugares de trabalho são laboratórios fáceis de pesquisa. As famílias e o grupo de amigos oferecem também inúmeros exemplos: vamos descobri-los juntos para abrir espaço para respirar e ser com mais autenticidade!

Freud foi o começo dessa reflexão sobre o que é o ego e "para o que serve". Jung o seguiu e aprofundou um tanto mais o tema. Ele percebeu que o ego existe sempre e somente por conta de uma relação: a com o inconsciente. O ego emerge do inconsciente! O ego é aquele pedaço de inconsciente que se tornou consciente de si e se desenvolveu numa personalidade. Podemos observar algo assim nas crianças pequenas que vão adquirindo consciência de si aos poucos. No início da vida, não dizemos "eu" porque esse "eu" ainda não existe. A relação com o

inconsciente, assim, define o ego, ou seja, define nossa identidade. Dependendo de como for sua relação assim será sua forma de ser: a tua relação é de escuta e troca, ou de censura e rigidez? Quanto você está aberto ao que sente dentro? Quanto se reprime? Quanto se ouve?

Você se dá o tempo para ouvir o que sente? Observar o que sonha? Aprender com o que vem de dentro de si? Ou você acha que já sabe tudo, que o que você sente é irrelevante, que há pessoas mais importantes que podem te explicar tudo e que afinal só é verdadeiro o que os outros dizem que é? Nessa perspectiva, ego forte e ego fraco poderiam significar exatamente o oposto do que você pensa... É possível que você se surpreenda ao descobrir o que é para Jung um "ego saudável".

Colocando-se entre o mundo externo com suas demandas e aquele interno com outras demandas, o ego precisa em primeiro lugar aprender a ouvir. Ouvir para se transformar.

Seguindo a visão junguiana, Montefoschi percebe que na prática precisamos desenvolver duas dimensões bem claras e precisas para desabrochar em nosso potencial: por um lado, a capacidade de enxergar essa dinâmica entre a consciência e o inconsciente, de forma refletida e livre de preconceitos; por outro, a capacidade de processar os conteúdos internos que nos conectam às profundezas de nosso ser e do Todo ao mesmo tempo (portanto, dos outros também). Em Montefoschi, o ego ganha uma nova e inesperada liberdade: liberdade das autoridades externas e de pressões internas que o moldam com base no passado (crenças e traumas) para encontrar uma nova "autoridade" interna, mas não tanto... Um ego que ao mesmo tempo em que define sua individualidade se percebe vivencialmente como parte da história e do destino do Todo.

Afinal, cada um busca nada menos do que isso. No silêncio de sua alma, uma pessoa almeja poder ser si mesma, plena e livremente, e estar com os outros, plena e livremente. Estarmos finalmente juntos sem nos oprimirmos reciprocamente.