PARA VOCÊ QUE NÃO GOSTA DE SMALL TALK OU CONVERSA FIADA

Por Por ADRIANA TANESE NOGUEIRA

Viver Bem

Todo mundo ou quase gosta de um McDonald's de vez em quando apesar de todo mundo ou quase saber que não é lá tão saudável. Pesquisas já demonstraram que uma dieta a base de produtos McDonald's é na certa um lento suicídio. Documentários já mostraram essa mesma verdade ao vivo e em cores, com seres humanos reais se submetendo à dieta diária de McDonald's e manifestando os sintomas inevitáveis: gordura-e-depressão.

Falar de comida ajuda a entender o tópico em questão nesse post. Apesar de uma maioria ignorar essa simples verdade, no geral todos sabem que há comidas saudáveis e comidas prejudiciais para a nossa saúde. A mídia traz essa informação, a internet está cheia de sites a respeito e é só querer saber que se descobre como comer saudável.

Mais difícil é falar sobre as "comidas" da alma. Nessa área, papos MacDonald's triunfam e ai de quem não se engaje. Os que fogem de certos tipos de conversas são mal-vistos. A razão é simples: são absoluta minoria. A enorme maioria vive na base da dieta McDonald's, o que significa permanecer na superfície e naquilo que atiça o paladar, o ego, sem levar em consideração o que nutre de fato o inteiro ser.

Este post é dedicado à minoria para que não se sinta pária na sociedade das banalidades e para que tenham coragem de assumir o que é bom excluindo o que não é bom (para elas).

Small talk quer dizer algo como "conversinha" ou "conversa fiada". Tem-se small talks em salas

de espera de consultórios, em festas, em bares, nas academias e todas as vezes em que queremos criar um ambiente amigável para que uma relação se desenvolva. E aqui está o problema. Infelizmente, a small talk tende a se arrastar e virar conversa rala e rasa, numa série de banalidades sem fim, que não levam a lugar nenhum, muito menos ao desenvolvimento de uma relação "saudável e nutritiva". Falta profundidade de raciocínio e de sentimento, logo faltam valores, sentido; claro: falta consciência.

Ficar na small talk, na conversinha fiada, é o mesmo que viver de McDonald's. Quem não gosta disso demostra ter mais inteligência de quem vive disso. Quem não gosta disso demonstra ter um sentido interior mais apurado de quem vive disso. Fato.

O que fazer então? Temos duas opções: uma é a de nos afastar da small talk, desistir de ter esse tipo de interação social. Esta opção leva a nos isolar de determinadas situações, pode ser bom, mas pode não ser sempre bom. A outra opção consiste em ficar na situação sem alimentar a small talk, não nos forçando no intuito (enganoso) de mostrar aos outros que somos "normais". No lugar disso, deixar cair a falação e aprofundar assuntos, introduzir novos, ampliar a conversa... enfim: sermos nós mesmos! Essa segunda opção implica assumir nossa diversidade no ambiente. E se a outra pessoa não acompanhar? Paciência. Faz parte da coragem de assumir o nosso diferencial aguentar a falta de resposta do outro lado. Mas poderemos também nos surpreender com pessoas que reagem positivamente e descobrir assim que há pessoas que engolem small talks por pura falta de coragem de se mostrarem diferentes e por não ter nunca passado pela cabeça delas que poderiam propor outro assunto, outra abordagem, outras ideias.

Assim como uma dieta a base de McDonald's produz gordura e depressão, da mesma forma uma atividade mental na base de banalidades produz letargia do espírito e gordura da alma, sem falar de mofo no cérebro por falta de exercício saudável. Além disso, produz uma certeira depressão pela falta de sentido nas relações, prostração pelo vazio social e ausência de interações significativas pois ninguém pode se desenvolver sem relações nutridoras.

Eis que small talks, assim como a comida estilo McDonald's, são parte da vida, mas em doses apropriadas. O excesso de ambos leva à aniquilação da saúde mental, emocional e física.