Jamie Foxx e Tina Fey falam sobre o significado de "Soul" na opinião deles

Por JANA NASCIMENTO NAGASE

22 e Joe Gardner no Salão de Todas as Coisas, experimentando pizza.

Los Angeles – Depois de meses de espera, a nova animação dos estúdios Disney*Pixar está chegando na plataforma digital Disney+ (Disney Plus), no dia 25 de dezembro. “Soul” acompanha, Joe Gardner, um professor de música de ensino fundamental desanimado por não conseguir alcançar seu sonho de tocar no lendário clube de jazz The Blue Note, em Nova York. Quando um acidente o transporta para fora do seu corpo, fazendo com que vá para o mundo espiritual, ele se vê forçado a embarcar em uma aventura ao lado da alma de uma criança, chamada 22, que ainda está aprendendo sobre si, para aprender o que é necessário para retomar sua vida.

Dessa vez, o estúdio Disney*Pixar está trazendo o primeiro protagonista negro, depois de encantar com personagens brinquedos, monstros, insetos, peixes, carros, um rato, um robô e as emoções de uma menina. Durante a coletiva de imprensa que aconteceu em Novembro com os cineastas e atores que dublaram as personagem, o diretor Pete Docter, também diretor criativo do estúdio, e o escritor e co-diretor da animação Kemp Powers, dizeram que a Pixar está tentando ficar mais inclusiva, era fundamental que o filme fosse o mais autêntico possível. Por isso, a colaboração de Kemp Powers foi fundamental e alguns detalhes foram importantes para a construção da história, como por exemplo, a ideia de incluir a barbearia, um ponto de encontro fundamental para a cultura afro-americano masculina. Além de Kemp, artistas negros da própria empresa contribuíram com ideias e consultores foram contratados - de músicos como Jon Batiste, Herbie Hancock e Questlove a diretores de fotografia como Bradford Young, atores como Jamie Foxx e Daveed Diggs e acadêmicos como Johnnetta Betsch Cole e Christopher Bell.

Outro ponto interessante da coletiva de imprensa, foi quando a atriz Tina Fey, que empresta sua voz a personagem 22, comentou que para construir sua personagem ela tentou visualizar como seria estar em contato com o mundo exterior pela primeira vez, justamente para que pudesse passar a inusitada sensação de desbravar algo novíssimo em toda a sua vida. A atriz explicou: “Você meio que deve imaginar como é provar uma pizza pela primeira vez na sua vida e como é ver Nova York pela primeira vez. Eu acho que há uma cena incrível no filme quando eles cruzam pela porta do hospital e a 22 dá de cara com a rua 23 com a 7ª avenida. Sabe, essa é a avenida mais movimentada! É tão extraordinário e tão preciso, é um retrato de como é pisar em Nova York pela primeira vez. Então, eu acho que a parte visual foi um grande guia, me ajudou a imaginar como tudo isso seria na cabeça da personagem. Eu acho que muitas histórias incríveis vêm de uma pessoa que é a novata da cidade e essa é uma versão épica disso”.

Já para o ator Jamie Foxx, o filme teve um significado mais forte. Infelizmente, a irmã do ator, DeOndra Dixon, faleceu no mês passado e Jamie Foxx descreveu como a mensagem do filme sobre valorizar as pequenas coisas da vida, o fez lembrar de como sua irmã viveu sua vida e a lição que ela lhe ensinou. Jamie comentou: “Minha irmã faleceu e ela sempre viveu cada momento como se fosse o último. Ela tinha síndrome de Down, veio morar comigo quando terminou o colegial e adorava música. Eu fiz um vídeo clipe chamado “Blame It on the Alcohol” e ela queria fazer um solo de dança e ficou bem bacana. Aí, a comunidade que cuida das pessoas com síndrome de Down a convidaram para ser embaixadora... foram 11 anos. E então, quando você fala sobre as pequenas coisas, ela sempre me lembrava. Ela era sempre tão animada. Então, quando você olha para este filme, é exatamente onde estou agora, o que estou passando, o sentimento de perder alguém, mas, ao mesmo tempo, ganhando uma espécie de visão de alegria de todas as coisas que ela nos ensinou enquanto ela estava viva. De uma forma bonita e estranha, é exemplificado no filme. E então, eu digo para todo mundo. Você sabe, eu tenho uma frase, que eu uso, você sabe, o mundo tem estado aqui milhões-bilhões, porém muitos bilhões-milhões de anos. Então, 70, 80, 100 anos é o quê? É um piscar de olhos. Então, eu digo para todo mundo, não perca seu piscar. Viva sua vida.”

Esses são mais alguns pontos que achei interessante do dia de imprensa de “Soul”, uma descoberta espiritual e visual que não teve medo de se jogar e arriscar com conceitos que não estamos acostumados a ver. Por outro lado, “Soul” também tem o lado real, humano, o lugar comum. Não vejo a hora de ver todo o filme e ter certeza que é me apaixonar mais uma vez por uma história linda de vida.