Com a pandemia, como deve ficar o ensino escolar na Flórida no próximo ano letivo?

Por Arlaine Castro

criatiane martins
Plano para aulas em tempo de pandemia A Associação de Educação da Flórida (FEA, na sigla em inglês), o maior sindicato de professores de ensino fundamental e médio do país, com mais de 145.000 membros, apresentou no dia 2 de junho um plano que explica como ele acha que o Departamento e o Conselho Estadual de Educação (State Board of Education -BOE) devem prosseguir. “Faltam cerca de 70 dias para os estudantes voltarem aos campi. É imperativo avançarmos para que esse retorno seja seguro e bem-sucedido ”, twittou o presidente da FEA, Fedrick Ingram. Dentre as recomendações estão também ajustar o tamanho das turmas, o recreio, a hora do almoço e a educação física e alterar o número de alunos nos ônibus. Eles também acham necessária uma abordagem híbrida de ensino que possa incluir uma combinação de ensino presencial e online se aulas presenciais ou distanciamento social não forem possíveis em determinados distritos ou escolas. Além dessas, sugeriram também suspender testes padronizados e algumas avaliações, escalonar horários escolares, eliminar temporariamente exercícios conjuntos como treinamento de atirador ativo e impor regras de distanciamento social em salas de aula, lanchonetes e ônibus. A Associação dos Superintendentes de Escolas Distritais da Flórida (FADSS) enviou no mês passado um Plano de Recuperação Educacional COVID-19 e as Diretrizes de Retorno para a Escola K-12 ao Conselho Estadual de Educação. Os distritos terão flexibilidade para tomar suas próprias decisões, segundo o Departamento. O que pensam os pais e professores O Gazeta News buscou a opinião de alguns pais brasileiros na Flórida. Alguns dizem que querem voltar com os filhos para a escola, outros decidiram matricular os filhos em 'homeschooling' e outros acham melhor uma mistura dos dois tipos de ensino. Para Jamile Pedro, mãe de Enzo Pedro , 12 anos, que estudava na Omni Middle School, em Boca Raton, esse período que o filho passou com aulas pela internet foi revelador porque, segundo ela, ele gostou. Mesmo assim, a família optou por colocá-lo em uma escola privada. "Meu filho me surpreendeu ao dizer que está preferindo a escola online do que as aulas presenciais. Ele diz que consegue utilizar o tempo melhor estudando em casa. Está feliz porque sobra mais tempo para outras atividades. As notas caíram um pouco de A para B, porém, vejo meu filho mais feliz e tranquilo", analisa. Sobre a decisão de mudá-lo para uma escola privada, a dentista entende que sentirá mais segurança com as diretrizes tomadas pela escola que escolheram. "Não tenho nada a reclamar da escola pública. Mas nesta, o número de alunos por sala é bem menor e o Campus da St Andrew’s scholl é mais arejado", conta. Mas apesar da decisão, a família prefere ainda aguardar um pouco mais e manter o ensino on-line. "Por mais que a escola virtual tenha sido uma experiência positiva em nossa casa, nada substitui a escola presencial. As crianças precisam aprender em sociedade. Nossa opção é manter a escola virtual até que saibamos melhor sobre esse vírus. Talvez alguns meses até um ano. Tudo passa", finaliza. "Escolas não atingem o potencial de todas as crianças" Com três filhos e dois em idade escolar, Viviane Goldener resolveu que será melhor continuar a ensiná-los em casa. "Meu filho mais velho se chama Benyamin (nome hebraico -Benjamin, em português) e tem 9 anos. A minha do meio é a Tzofia (Sofia) e tem 6 anos. E o pequeno Yosef, de 2 anos. Sempre senti que as escolas não atingem o potencial de todas as crianças. Na verdade, os dois mais velhos já estavam fazendo 'homeschooling' meio período. Eles iam para escola só até 12h30. Agora estamos pensando no ensino em casa completo por causa da pandemia. Meus filhos aprendem mais e melhor, além de estarem em um ambiente calmo. Também por ter a liberdade de acrescentar ou retirar ensinamentos do currículo e de poder ensinar em qualquer lugar do mundo, no stress. Mas confesso que no começo não é fácil até todo mundo se acostumar e criar uma rotina", destaca a mãe, que fica por conta do ensino dos filhos. Socialização faz falta Já para Patrícia Kyrillos, o bem-estar da filha Beatriz Gonzales, de 13 anos, em socializar na escola conta muito e por isso prefere voltá-la ao ensino presencial. "Tranquilo realmente ninguém está. Acredito que no começo será uma adaptação complicada até chegarem num consenso do que realmente funciona na prática ou não. Esse vírus vai conviver conosco como o H1N1 e tantos outros e a vida social é muito importante para a criança. Na minha opinião, se vemos adultos surtando por estarem em quarentena, imagina como está a cabeça das crianças? Ir à escola e seguir as regras lá talvez mude o foco e prejudique menos o psicológico delas", afirma. [caption id="attachment_200893" align="alignleft" width="215"] Cristiane Martins, professora de crianças com deficiência visual em Miami-Dade. Foto: arquivo pessoal.[/caption] Professora de crianças com deficiência visual em Miami-Dade, Cristiane Martins conta por que entende que o ensino à distância seja melhor, pelo menos por enquanto. "Tudo o que está acontecendo é muito novo, não se sabe como será no próximo semestre. No meu caso que trabalho com crianças cegas, fica bem complicado, mas a tecnologia ajuda muito. Eu forneci para minhas crianças máquinas de braille que falam, então eu consigo escutar o que eles estão escrevendo. Vamos nos adaptando e fazendo o melhor possível com eles. Mas tenho um aluno que a atenção dele está muitíssimo melhor porque não tem a distração das outras crianças, por exemplo. Eu prefiro que o próximo semestre seja online novamente, agora estaremos mais preparados. Miami-Dade se preparou muito bem fornecendo laptop para todas as crianças e internet gratuita. Acho que vai voltar ao novo normal. Mas muitas mães vão adotar o 'homeschooling' que antes não conheciam", salienta.