Com alta acumulada de 15%, dólar passa R$ 4,62 pela 1ª vez

Por Gazeta News

O dólar opera em alta pela 12ª sessão consecutiva nesta quinta-feira, 5, superando logo na abertura pela 1ª vez o patamar de R$ 4,62, chegando a R$4,63. No ano, a alta acumulada já chega a quase 15%. O valor do dólar turismo está cotado hoje no valor de R$ 4,9984. Brasileiros aproveitam alta do dólar para enviar mais remessas ao Brasil Como justificativa para as altas recentes, os temores dos possíveis efeitos do coronavírus na economia global têm causado forte reação, deixando em pânico investidores e derrubando mercados acionários por todo o mundo. O dólar vai voltar a testar o limite dos R$ 4,50 e pode até se estabilizar nesse patamar, dizem profissionais de mercado. Isso vai depender dos fatores que mais influenciam no momento e que devem ser monitorados em março: a epidemia e incerteza global quanto ao coronavírus, a política interna brasileira e a atuação do Banco Central. Às 11h27 (horário de Brasília), a moeda norte-americana estava cotada a R$ 4,63. Os investidores seguem de olho nos impactos do coronavírus na economia global e nos próximos passos do Banco Central do Brasil após corte de juros surpresa pelo Federal Reserve. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reunirá em 17 e 18 de março para deliberar sobre a taxa de juros, que está em patamar mínimo recorde de 4,25% ao ano. Na quarta-feira, 4, o dólar encerrou a sessão em alta de 1,51%, a R$ 4,5790, novo recorde nominal de fechamento (sem considerar a inflação), após a divulgação dos dados oficiais do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019, que registrou alta de 1,1% em 2019, confirmando resultado mais fraco em 3 anos e desaceleração da economia brasileira no 4º trimestre. Na máxima do dia, a moeda chegou a R$ 4,5835, até então o recorde nominal intradia. O Banco Central ofertará neste pregão até 20 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020, destaca a Reuters. Efeito coronavírus O mercado acionário tenta sempre antever as consequências de eventos que ocorrem no mundo, sejam positivos ou negativos. Como o coronavírus é de fácil contágio, governos e empresas de todo o mundo estabeleceram restrições à circulação de pessoas, como tentativa de conter a disseminação do vírus. A tática, contudo, pode trazer consequências negativas à economia, principalmente da China, epicentro inicial do vírus, local com maior número de pessoas infectadas e segunda maior economia do mundo. Por isso, agentes do mercado acionário tentaram se proteger dessa possível redução na atividade econômica mundial vendendo ações, o que fez com que os preços caíssem. "O mercado sempre olha para qualquer coisa que possa trazer aceleração ou desaceleração econômica, como o caso do coronavírus. Na China, com diversas fábricas parando para evitar a extensão do vírus pelos funcionários, isso começou a gerar uma desaceleração industrial. Cerca de 360 milhões de funcionários foram para casa", afirmou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. Turismo afetado Uma das primeiras medidas para combater a disseminação do coronavírus foi a restrição à circulação de pessoas. Isso deve afetar a receita das companhias aéreas, que irão realizar menos viagens e podem ter uma queda em suas receitas. "Nas companhias aéreas, muita gente vem cancelando viagens a turismo, e isso reduz bastante o número de voos e, consequentemente, o custo dessas empresas paradas é muito alto, diminuindo suas margens. Muita gente cancelando pacotes afeta o ciclo, e o mercado financeiro espera e reflete a queda", afirmou Laatus. Com informações do UOL e Valor Econômico.