Por: Letícia Kfuri
O preço médio do galão de gasolina comum, na Flórida, atingiu o recorde de $3,22, um aumento de 14,5 cents em relação à semana anterior. O alto preço da gasolina e a crescente elevação do custo de vida têm levado os residentes do Sul da Flórida a considerarem alternativas mais econômicas de transporte. Nas regiões de Fort Lauderdale, North Palm Beach e Miami, as vendas de scooters nas concessionárias aumentaram cerca de 10% em 2007, de acordo com estimativas do setor. Também as vendas de carros mais econômicos tem representado a grande demanda nas concessionárias de automóveis do Sul da Flórida.
Para muitos, as scooters de fabricação chinesa, que podem render de 50 a 80 milhas por galão, tornaram-se uma popular opção. “As vendas dispararam devido aos custos da gasolina. As scooters são convenientes e mais fáceis de manejar que as motocicletas”, diz Hiddo Mulder, gerente-geral da loja Power and Play Warehouse, em Pompano Beach.
A empresa vende scooters de fabricação chinesa e coreana, incluindo os mode-los Longbody Chuanl, Daelim e Qlink Motor, cujos preços variam entre $990 e $4 mil.
Tenho um carro, mas prefiro utilizar a scooter para economizar gasolina. Creio que todo mundo deveria fazer isso”, diz Sherman Gammage, morador de Deerfield Beach.
Gammage usa sua scooter Qlink de $1,7 mil para transportar-se de Boca Raton todas as manhãs pela I-95, a 55 mi-lhas por hora. Também a usa para ir à praia com a mulher nos finais de semana. Ele comemorou a scooter há um ano, e está pronto para comprar outra por $3,3 mil.
Segundo Mulder, nos últimos meses, as vendas de scooters na empresa aumentaram de cinco para uma média de 10 a 15 por semana. No mês passado, Mulder abriu outra concessionária em Pompano Beach, na South Federal Highway.
Em 2007, a empresa vendeu 454 scoo-ters, gerando vendas de $457 mil. No ano anterior, vendeu 250 no valor de $234 mil. “Para esse ano, nossas projeções são de vender mais de $1 milhão”, disse Mulder.
Em nível nacional as vendas de scooters caíram em 2007, segundo Mike Mount, porta-voz da Motorcycle Industry Council, com sede na Califórnia. Em 2006, a venda do veículo aumentou 9% em nível nacional, chegando a 131 mil. “Mais e mais pessoas estão considerando as scooters como um meio de transporte”, disse Mount.
Na Riva Motorsports, em Pompano Beach, tanto as vendas efetivas como a procura pelas scooters têm aumentado nos últimos 18 meses, segundo Matt Sermarini, porta-voz da empresa.
Ele vende, principalmente, marcas japonesas como Yamaha, Suzyli e Honda, com preços que variam de $1.999 a $8.999. As de fabricação chinesa custam a partir de $1.299. As vendas, segundo Sermarini, são de oito por mês, em média.
Carros
Também a venda de carros mais econômicos tem apresentado crescimento nas concessionárias de automóveis do Sul da Flórida. Marcos Penha, proprietário da Minascar, em Pompano Beach, observa que tem havido uma mudança no perfil de consumo de automóveis. “Hoje em dia, em geral, o cliente pergunta se o carro é econômico. Antes as pessoas não se preocupavam muito com isso”, afirma Penha.
Ele acredita que dois fatores importantes estejam influenciando estava mudança. O primeiro deles, a elevação do preço dos combustíveis, e o segundo a própria retração da economia norte-americana e, em particular, do mercado imobiliário que, durante muitos anos vinha sendo o grande “motor” econômico do Sul da Flórida. “Antes, a grande procura era por carros de trabalho, que são carros grandes, tipo SUV, que consomem mais. Essa procura caiu em cerca de 90%”, avalia Penha.
Edson de Almeida, gerente de Vendas da Nepleton, em West Riviera Beach, diz que, atualmente, a maior parte da clientela busca trocar os seus carros porque “bebem muito”. Segundo ele, o veículo mais procurado atualmente é o Nissan. “O Nissan Versa, por exemplo, faz 30 milhas por galão, e a maioria que vem aqui diz que não está agüentando o preço da gasolina. Tenho agora um cliente que está trocando um Dodge por um Nissan, e essa consciência independe de nacionalidade. Americanos, hispanos e brasileiros estão se dando conta disso”, conclui Almeida.
Dentre os veículos maiores, explica ele, o que tem maior saída é o Murano, justamente por ser o mais econômico entre as SUVs. “A venda do Murano aumentou 40% porque consome praticamente o mesmo que um carro de passeio”, explica o gerente de Vendas, que acredita que a demanda por carros econômicos vai continuar crescendo, e alerta que para quem pretende trocar sua SUV por um carro mais econômico, a hora é essa. “Quem tem carros que consomem mais, ainda conseguimos repassar, mas não com a facilidade de antes. O fato é que quem tem esse tipo de carro, em geral, está devendo muito. Mas recomendo que não esperem muito para repassar o carro porque um veículo com muitas milhas rodadas desvaloriza muito. O ideal é com menos de 50 mil milhas”, detalha.
A elevação dos preços tem feito com que o combustível torne-se cada vez mais um fator de atração. Prova disso é que a concessionária Honda de Hollywood, ao invés de oferecer, por exemplo um tapete para o carro, como brinde aos clientes, está oferecendo um taque cheio. E a promoção está fazendo sucesso.
Tom Mcahon, morador de Pompano Beach encontrou uma solução para o alto consumo de combustível. Decidiu trocar seu carro por um veículo híbrido. E está feliz com a decisão. “Decidi trocar por causa da economia que oferece com combustível. Desde que fiz a troca, economizo $150 por mês”, conta.
Ele reconhece que a decisão de trocar o carro não foi fácil, mas não se arrepende. “Tive dúvidas, pensei bastante antes de tomar a decisão, mas decidi arriscar. E não me arrependo”, conclui Mcahon.
William Croccia conta que trocou seu carro recentemente e que considera que, hoje em dia, qualquer economia de combustível é importante. “Eu ia pegar um carro com motor masi potente, mas decidi escolher um mais econômico por causa do preço da gasolina. Desde que cheguei aqui, nunca tinha me preocupado com isso, mas agora as coisas mudaram”, explica Croccia.
Embora já viva há vários anos nos EUA, Croccia conta que, na semana passada, teve aquela sensação de de ja vú , popularmente conhecida como “eu já vi esse filme”. Só que o filme, passava no Brasil. “Cheguei em um posto da Che-vron, na Powerline com a Oakland para colocar gasolina e perguntei quanto estava, e o funcionário me disse: - Aproveita e abastece logo porque está a $3,19 o galão, mas estou aumentando agora para $3,25”, conta Croccia.
