Comentando sobre as avaliações em larga escala

Por AOTP

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Fernanda Sevarolli Creston Faria*

Avaliar é uma tarefa que, em todas as esferas sociais, é considerada bastante complexa, pois o ato de dar valor a alguém ou a alguma coisa gera diversos graus de subjetividade. Por essa razão, falar de avaliação é um tema um tanto complicado e deveras delicado no meio educacional. A considerada ferramenta avaliação passou e passa por mudanças no meio acadêmico e traz aos pesquisadores dúvidas e contracensos que geram debates sem fim.

Um dos grandes debates da atualidade está no uso e credibilidade das avaliações em larga escala, também conhecidas como avaliações externas, para medir o desempenho dos alunos de escolas regulares, tanto públicas quanto particulares. Este advento surgiu no Brasil em meados de 1990 e ainda traz muitas dúvidas quanto ao seu uso e aplicabilidade.

A escolha de uma matriz de referência e uma escala de proficiência para avaliar Português e Matemática é polêmica e forma a base da referida avaliação, colocando em cheque, em alguns momentos, o trabalho do professor. Neste caso, é fácil perceber o papel da gestão escolar quando esta opta e faz seus docentes optarem e usarem a matriz como currículo de trabalho e planejamento.

Como tratamos da Língua Portuguesa, percebemos que a diminuição do currículo em uma matriz de referência, que nada mais é do que um recorte de uma base curricular, inferioriza o trabalho e não transparece o desempenho de determinado público de forma clara.

As avaliações externas são uma ferramenta de gestão sim, mas em sala de aula acabam por perder seu sentido quando os atores sociais responsáveis pelos conteúdos minimizam seu uso ao vazio de incoerências e diminuições curriculares infundadas.

Avaliar é necessário e coerente, mas a forma como se avalia, principalmente o Português como língua de uso e aplicabilidade local e universal na sociedade, têm deixado a desejar no trâmite da realidade do uso da língua, tanto materna quanto segunda língua de aquisição.

Criticar uma avaliação é perceber que seu uso está legado a dados e deixando de lado o primordial da língua: seu uso coerente e adequado dentro da realidade do falante e de seu local de pertencimento.

Fica a crítica e que seja construtiva e não apenas dada!

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*Graduada formada  em  Letras  (UFJF),  especialista  em  Práticas  de Letramento e Alfabetização (UFSJ), especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da EAD (UFF) e mestre em Gestão  e Avaliação da  Educação  Pública  (CAED/UFJF).  Tutora  EAD  (Pedagogia/UAB/UFJF) e  Coordenadora  do  Curso  de Idiomas Veg –  Juiz de Fora/MG.