Comentando sobre didática

Por AOTP

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Por Fernanda Sevarolli Creston Faria*

Temos comentado em nossos momentos de reflexão sobre a educação, aquisição de linguagem, etc., tudo voltado para educação, ensino e aprendizagem. Portanto, se faz necessário em meio as nossas reflexões falar sobre a didática. Segundo o dicionário Aurélio, a palavra didática significa “arte de ensinar com método os princípios de uma ciência ou as regras e preceitos de uma arte”.

Neste sentido, cabe-nos pensar que os processos didáticos que compõem a aquisição do conhecimento de uma forma geral se torna arte nas mãos daqueles que detêm a forma de fazê-lo com excelência. Podemos dizer que se espera que o professor detenha a arte de ensinar dentro e fora da sala de aula, o que é uma prerrogativa que, infelizmente, nem sempre é verdadeira.

No ensino de qualquer língua, materna ou estrangeira, a maneira como se concebe o conhecimento faz parte do cerne do professor que adquiriu determinada língua, fazendo uso constante dela ou não. Isso é determinado pela prática do docente que, em meio ao caminho da aquisição de determinada língua, aprendeu também os trâmites gramaticais que acompanham um conceito linguístico, a forma como as palavras foram concebidas e a maneira como são usadas e pronunciadas dentro do contexto social ao qual pertencem. Claro que isso não é o bastante para se ensinar uma língua, apenas dominá-la é o mínimo que os falantes comuns fazem.

O professor precisa saber repassar a mesma paixão que teve ao aprender os detalhes de sua língua materna e daquela que repassará aos estudantes, caso contrário, os discentes correm o sério risco de perderem o prazer pela língua nos primeiros contatos.

Para exemplificar o que exponho fora do cenário de linguagem, vou citar um colega, professor de informática. Ouvindo uma de suas aulas na sala ao lado da dele, pude ouvi-lo ensinar um tópico aos alunos da seguinte forma: “Agora cliquem no A-D-D TO e concluam o processo.” Eu ri ao lado, achei engraçado ele soletrar a palavra add e pronunciar com primor a preposição to. Após os risos, pensei na didática aplicada e no sucesso alcançado com a turma, que compreendeu o que o professor estava explicando.

Não é diferente quando ensinamos língua materna ou uma segunda língua, se primamos apenas pelo conhecimento esvaziado de uma didática eficaz, que atinja realmente os alunos, o resultado de certo não será exitoso. Neste caso, conhecer a turma, o objetivo de cada aluno no que tange ao aprendizado da língua estudada, conhecer, pelo menos, um pouco da cultura que envolve a língua ensinada, corrobora diretamente para o sucesso dos alunos e da prática aplicada, pois a segurança ao ensinar, aliada a uma didática que respeite os limites dos alunos e transcenda à expectativa deles, resulta em aulas entusiásticas e resultados concretos na aquisição da língua alvo.

Retomo a maneira de ensinar do colega professor de informática, que sensível às necessidades dos alunos, aplicou seu conhecimento de forma a transformar um simples detalhe existente linguístico proveniente da língua inglesa, que ele não dominava completamente, e alterou de forma acessível aos alunos e fluente a si próprio. O sucesso não determina a prática, e sim o contrário.

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*Graduada formada em Letras (UFJF), especialista em Práticas de Letramento e Alfabetização (UFSJ), especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da EAD (UFF) e mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública (CAED/UFJF). Professora do sistema de ensino do estado de Minas Gerais e do sistema privado de ensino, além de tutora EAD (Pedagogia/UAB/UFJF); Coordenadora do Curso de Idiomas Veg – Juiz de Fora/MG)