Comentando sobre fala

Por AOTP

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Fernanda Sevarolli Creston Faria*

Na atualidade, o ensino de uma segunda língua, na maioria das escolas de línguas, baseia-se no método conhecido como comunicativo. Mas em que consiste este método?

O método foi concebido sobre a alcunha de utilizar a língua em todos os seus âmbitos, quais sejam a escrita, a fala e a escuta. Mas será que realmente o método culmina em sua plena realização? Enquanto educadora, percebo que não!

Acredito que alguns colegas de profissão concordarão com meu ponto de vista.

Falando em primeira ou segunda língua, tanto seu domínio escrito quanto falado requer um trabalho detido do professor para que o aluno seja um falante fluente e que algumas barreiras sejam vencidas neste sentido.

Sobre o escrever e ouvir, o aluno tem sempre um melhor domínio e acaba sendo um fluente deficitário quando pensamos na fala.

A fala é um misto de boa dicção, fluência determinada pelo uso da variante culta com propriedade e capacidade de convencimento. Quando determinamos em uma escala micro estas qualidades para um bom falante, esperamos isso de falantes públicos, mas por que não pensar na fala como ferramenta global e não apenas inerente a alguns falantes?

Um dos maiores erros do ensino hoje recai no privilégio da escrita sobre a fala, deixando esta última a cargo social, e não da escola.

Presumo que esta assertiva seja um erro, pois tão importante quanto o bem escrever, deveria ser o bem falar.

Basta que observemos nossos alunos em momentos de interação onde a fala é requisito básico. Na variante seu grupo de fala, colegas, parentes e etc., o aluno tem pleno domínio e se sente a vontade em expressar-se pela fala. Mas ao observá-lo em momentos acadêmicos diversos ou mesmos momentos sociais mais detidos, sua expressão não é convincente. Percebemos que, em muitos casos, a fala é suprimida pela vergonha, pelo descaso do aluno no falar ou mesmo pela falta de incentivo dos motivadores de cada momento onde a a fala é requerida como primordial ou importante.

Tanto quanto a escrita, creio que momentos de explorar a fala em sala de aula deveriam ser melhores pensados e explorados, garantido ao futuro cidadão público o domínio de sua linguagem plenamente.

Para tanto, o trabalho com contação de histórias, rodas de conversa, apresentações públicas com diversos cunhos e finalidades devem ser incentivadas desde cedo e mantidas no repertório escolar com o objetivo de formar falantes críticos e fluentes, pois o que temos hoje são falantes, mas de certo não fluentes.

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*Graduada formada  em  Letras  (UFJF),  especialista  em  Práticas  de Letramento e Alfabetização (UFSJ), especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da EAD (UFF) e mestre em Gestão  e Avaliação da  Educação  Pública  (CAED/UFJF).  Tutora  EAD  (Pedagogia/UAB/UFJF) e  Coordenadora  do  Curso  de Idiomas Veg –  Juiz de Fora/MG.