Comentando sobre o processo de ler e escrever

Por AOTP

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Por Fernanda Sevarolli Creston Faria* 

Quando se fala em ler e escrever, temos a ilusão de dissociar os processos, em detrimento da língua ora em uso. Um erro de certo! Muitos estudiosos, no início de seus estudos, tentaram esta proeza, qual seja separar fala e escrita, mas fala e escrita não se dissociam como eles pensaram.

Hoje, os estudos indicam que o trabalho com a escrita desde a tenra idade depende de um conjunto de requisitos que fazem da aquisição de quaisquer línguas um processo gradual, e não residual. Quando digo que o processo não é residual, quero dizer que ele não se constrói de forma independente em meio ao aprendizado, mas sim de forma gradual, pois o aprendizado é contínuo e se dá ao longo da vida do falante e usuário de determinada língua. Com o tempo, o falante vai se especializando em determinada estrutura, vai se informando sobre a cultura que o cerca e vai construindo sua fala com o apoio da fala de outros indivíduos.

Neste caso, com o apoio da fala de outros indivíduos, refere-se ao fato da existência da interação, a qual é primordial para os falantes. Sem interagir, dificilmente se alcança um domínio pleno da língua. Sendo assim, a interação é parte importante do processo de fala e escrita no que tange à troca de experiências e recursos essenciais ao falante, sendo ele principiante ou não.

Padrões, regras e exceções fazem parte do processo e devem ser reconhecidos e respeitados. Neste caminho, há também os regionalismos, potenciais grupos de fala e inúmeras influências que vão corroborar com a aquisição da linguagem e alterar os padrões de fala de forma contundente.

Muitas destas influências não foram sequer estudadas ou reconhecidas, mas existem e influenciam diretamente na forma, no jeito e na realidade da fala, portanto, são determinantes para o falante. Perceba, então, que origem, ambiente, vivência e realidade local e circundante devem ser levadas em consideração.

Como qualquer aspecto natural do ser humano, a relevância da fala não se faz sozinha, se realiza em meio a várias tendências e trâmites sociais inerentes ao ser humano.

Vale ressaltar que muitas construções da fala não refletem a escrita, sendo que esta, tendo seus padrões gramaticais e semânticos, requer um olhar mais cuidadoso do indivíduo, por isso que nas escolas o estudo da escrita é tão enfático. Mesmo sabendo desta ênfase, sabemos também que a necessidade de exploração da oralidade tem surgido na atualidade, mas isso é assunto para um próximo comentário.

*Fernanda Sevarolli Creston Faria é graduada formada em Letras (UFJF), especialista em Práticas de Letramento e Alfabetização (UFSJ), especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da EAD (UFF) e mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública (CAED/UFJF). Professora do sistema de Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Artes e Gestão Educacional. Tutora Presencial e EAD. Coordenadora de idiomas do curso Veg Sistema de Ensino (MG).