Comentando sobre tradução

Por AOTP

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Por Fernanda Sevarolli Creston Faria*

Hoje quero trazer para os leitores uma curiosidade sobre o português que muito me chama a atenção e que ainda pesquiso com afinco. Falar de língua portuguesa é aliar esta língua, bem como tantas outras, a processos de ensino e aprendizagem, a utilização dentro e fora dos países que a utilizam como materna ou mesmo como segunda língua.

Como língua materna, o português é fonte inesgotável de pesquisa desde seu uso gramatical ao complemento poético de sua literatura como arte estabelecida. Além destas nuances tão graciosas, a língua portuguesa reserva-nos surpresas no que tange o campo da tradução, tão profícuo e em ascensão na atualidade devido à quebra de barreiras encaminhadas pela globalização. Neste sentido, cabe ressaltar que após minha licenciatura não parei de estudar, questionar e me aprimorar nem um só dia.

Quando iniciei o curso de bacharelado em tradução, tive vários percalços que me fizeram interrompê-lo no momento da escrita do trabalho final. Contudo, não deixei de fazer muitas pesquisas para tanto. Mesmo sem ter escrito o trabalho para conclusão do referido bacharelado, este curso me proporcionou grande amplitude no entendimento da língua portuguesa e da língua inglesa, focos do referido curso. Compreendi que a intenção do tradutor, mesmo que mínima, reside em cada texto, tornando as traduções em versões orientadas de cada trabalho.

Algo que chamou mais a atenção durante as inúmeras pesquisas foi minha segunda escolha para o TCC, meu ídolo Elvis Presley. Neste momento, descortinei muitas informações sobre o cantor, sendo que o mais importante foi verificar suas músicas no original e suas versões. Repito que, quando traduzimos, muito do que está no texto é carga emocional, de vida e de conhecimento do tradutor, portanto, a fidelidade à tradução se rende à língua alvo, à cultura e a quem receberá o produto deste trabalho.

O mais engraçado durante esta jornada foi a descoberta de que Elvis era evangélico, que começou cantando em igrejas e que sua primeira aparição na TV foi cantando uma música gospel. Mas o que de fato isso tem a ver como nossas discussões em língua portuguesa? A descoberta mais chocante quer fiz neste período de estudos se prende à diferença que nós, brasileiros ou não, falantes de português, inglês ou quaisquer outras línguas fazemos inconscientemente.

A sacralização do sagrado e a banalização do secular. Para resumir, ao começar a comparação das letras originais com as versões em português, percebi que as letras das músicas gospel seguem exatamente a letra original, ou seja, as versões das músicas gospel têm mudanças simplórias de preposição ou sinônimos, nada que influencie na essência das letras. Já as músicas seculares têm suas letras totalmente alteradas, perdendo seu sentido principal, tendo aproveitadas apenas a melodia e o ritmo, em muitos dos casos analisados. O que podemos concluir, mesmo que precariamente, pois não houve um aprofundamento da pesquisa, é que até no trabalho com línguas e no trato delas, a sacralidade do sagrado prevalece ao secular.

*Graduada formada em Letras (UFJF), especialista em Práticas de Letramento e Alfabetização (UFSJ), especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da EAD (UFF) e mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública (CAED/UFJF). Professora do sistema de Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Artes e Gestão Educacional. Tutora Presencial e EAD. Coordenadora de idiomas do curso Veg Sistema de Ensino/MG).