Comércio brasileiro também perde com a derrota da Seleção.

Por Gazeta Admininstrator

Além da dor no coração, os comerciantes brasileiros do Sul da Flórida que apostaram na seleção brasileira nesta Copa 2006 para faturar com a venda de camisas, bandeiras e acessórios nas cores verde e amarela, sentiram também uma dor no bolso, já que os estoques terão agora que ficar guardados para a próxima Copa ou para algumas raras ocasiões em que o brasileiro se veste de orgulho e vai para as ruas comemorar.

Proprietário da Via Brasil, com duas lojas em Miami e uma em Pompano Beach, Joe Menezes diz que as vendas dispararam às vésperas do jogo contra a França, o que fez que com a decepção da derrota fosse ainda maior. “A torcida começou a acreditar que o Brasil iria para a final”, comentou.

Com fabricação própria em Belo Horizonte, MG, além de produtos comprados nos EUA e Peru, Menezes decidiu jogar seguro e estocou também produtos para atender a outra parte da clientela. “Dessa vez fiz até estoque maior de camisas de outros países como Alemanha, Itália e França. No meu caso como trabalho com muitos latinos, eles também procuram artigos da seleção de outros países”, explica.

E quando se trata de negócios, que fiquem de lado as rivalidades. A aposta de Menezes depois do Brasil, em matéria de estoque, foi a Argentina. “Há uma comunidade grande argentina em Miami e eles procuram muito a minha loja porque não têm uma loja específica. Apesar de existir rivalidade no futebol, temos também bastante produtos da Argentina”, diz Menezes que agora tenta atender à demanda dos torcedores portugueses que procuram a loja em busca de de camisetas da seleção lusitana de Felipão.

Valdecir Primao, proprietário da Brazilian Fashiom, em Miami Beach, diz que o pirque maior de vendas de produtos da Copa aconteceu no primeiro e no último jogo. “Ainda estamos com estoque para aqueles que seriam os dois próximos jogos da seleção. Agora vão ficar para outras ocasiões, como quando o Brasil participar de outras competições internacionais, e também 7 de setembro, por exemplo”.

Apesar disso, Primao também não reclama das vendas. “Ficamos com a mercadoria empatada para mais dois jogos, mas não foi prejuízo. O chato é que nos primeiros dias após a derrota do Brasil, o ânimo das pessoas também cai para compras de maneira geral. Hoje, por exemplo, só vendi um biquine até agora. Não sei quanto tempo demora essa ressaca, mas estou certo que não vai demorar”, comenta.

Cristina Martins, uma das proprietárias da Samba Fashion, em Boca Raton, teve que refazer o estoque a cada jogo. “Não tinha condições de atender a todos ao mesmo tempo. Tudo o que comprei, vendi”, comemora a lojista que também apostou que o Brasil chegaria às finais e, por isso, renovou mais uma vez o estoque de artigos brasileiros para a Copa. Como os demais 90 milhões de brasileiros, amargou a decepção da derrota. “A nossa sorte é que aqui vende-se mercadoria brasileira o ano inteiro. Vivemos em um país estrangeiro e o brasileiro gosta de ter algo de seu país. Eu, felizmente, não fui com muita sede ao pote, e quis provar o mercado, já que essa é a primeira Copa minha como lojista aqui. Estou feliz com o resultado das minhas vendas, mas não com o resultado do jogo”, resume, Martins.

O proprietário do restaurante Feijão com Arroz, em Pompano Beach, Roberto Ribeiro, o Betinho, diz sentir como se tivesse levado um balde de água fria, não apenas pela tristeza de torcedor, como pelo investimento feito na produção de comercialização de comercial para televisão e compra de cinco projetores e cinco telões para a transmissão da final da Copa.“Vou tentar usar a programação do comercial para mais adiante, mas a produção em si é prejuízo mesmo.

Tinha colocado $2 mil nesse comercial”, lamentou Betinho.

Desde o primeiro jogo o restaurante Feijão com Arroz promoveu a transmissão das partidas no Clube Cinema, em Pompano Beach, e já tinha reunião programada com a prefeitura e polícia da cidade para organização de um grande evento na partida final da Copa, com instalação de telões ao ar livre. “Foi tudo por água abaixo”, disse Betinho que também transmitiu os jogos no restaurante. “Das 11 da manhã às 3 da tarde, em geral, ervimos 500 almoços por dia. Durante os jogos servimos 150 porque as pessoas chegavam às 11 da manhã e ficavam. Não havia rotatividade”, finalizou Betinho.

Para Dario Curi, proprietário do Restaurante Panorama, que também transmitiu os jogos, não chegou a haver prejuízo, apenas terminou mais cedo a oportunidade de ganhar mais. “O nosso movimento em dias de jogos aumentou uns 40%”, disse Curi.

Ele não acredita que os jogos da seleção do técnico brasileiro Luís Felipe Escolari vão mobilizar os torcedores brasileiros. “Não estou esperando um aumento de movimento. Acho que o brasileiro não vai vir para ver o jogo da seleção dos outros. Acho que não temos que torcer pra ninguém. Aliás, pra mim só há dois times no mundo, primeiro o Flamengo e depois a seleção brasileira”, finalizou Curi.