Cometer “erros gramaticais” é algo comum em língua portuguesa?

Por Rodrigo Maia

Qual é o correto: à partir ou a partir? Descrição ou discrição? Há, à ou a? Anexo ou anexa? Talvez, agora, você até saiba responder. Porém, na hora de escrever um texto mais formal, dentro de um ambiente de trabalho, as dúvidas acabam surgindo.

Por essa razão, todos os dias, recebo dezenas de mensagens com dúvidas relacionadas à gramática do Português. E confesso: fico preocupado. Afinal, por mais que a gente possa dialogar sobre a pertinência das regras, o falante precisa saber usá-las para não ser mal entendido ou até mesmo prejudicado em um ambiente corporativo.

Não concordar com uma regra ou achar que é uma “frescura ou exagero” gramatical pode até ser algo coerente. Mas não tem jeito. Para ter uma boa comunicação escrita em uma empresa, você precisa escrever corretamente.

De acordo com diversos especialistas do mundo corporativo, “escorregar” no português pode prejudicar, e muito, uma carreira profissional. São equívocos frequentes que precisam ser bem entendidos para não acontecerem repetidas vezes.

Como falo sempre em nossa coluna, defendo uma nova sistematização do padrão gramatical culto brasileiro. Porém, enquanto essa questão não se torna real na maioria das gramáticas normativas de variante brasileira, você precisa saber como deve se comunicar adequadamente, na modalidade escrita e formal do português. Confira alguns dos principais equívocos:

1. Verbo haver ERRO COMUM: “Trabalho no setor de transportes a 12 anos.” CORREÇÃO: “Trabalho no setor de transportes 12 anos.” Quando ocorre uma indicação de tempo passado, utilizamos o verbo haver. Uma forma interessante para fazer um teste e sanar a dúvida entre “a” e “há” é você usar o “faz” no lugar. Se der certo, o correto será o “há” (com H) do verbo haver. Veja: “Trabalho no setor de transportes faz 12 anos”. Como a colocação do “faz” deu certo, é adequado usar o “há”.

2. À partir ou a partir? ERRO COMUM: “Aviso a todos que à partir de hoje é obrigatório o uso dos equipamentos de segurança neste local.” CORREÇÃO: “Aviso a todos que a partir de hoje é obrigatório o uso dos equipamentos de segurança neste local.” O acento grave é utilizado para indicar a crase (fusão de preposição e artigo) ou para indicar uma locução adverbial feminina (à vista). Portanto, não colocamos o acento antes de um verbo no infinitivo, como é o caso de “partir”.

3. Anexa ou anexo? ERRO COMUM: “Segue anexo a apresentação solicitada pelo cliente”. CORREÇÃO: “Segue anexa a apresentação solicitada pelo cliente”. No caso acima, anexo é um adjetivo. Por isso, deve concordar com o substantivo feminino “apresentação”. Se o exemplo for de um substantivo no masculino, a concordância também acontece. Veja: “segue anexo o documento solicitado pelo cliente”.

4. Descrição ou discrição? ERRO COMUM: “A gerência precisa agir com descrição dentro da empresa.” CORREÇÃO: “A gerência precisa agir com discrição dentro da empresa.” Descrição (com E) está relacionada ao ato de descrever. Por exemplo: “A supervisora vai fazer a descrição do equipamento necessário.”. No caso do erro citado acima, a ação precisa ser feita de forma discreta. Por isso, o correto foi o uso de discrição (com I).

A Língua Portuguesa não é difícil. A questão é entender o que está escrevendo. Quando você apenas decora regras, fica complicado. Em breve, vou postar mais explicações relacionadas a erros comuns do mundo corporativo. Muita gente fica com dúvida. E uma simples explicação pode fazer toda a diferença. Então, escreva pra gente. Conte quais são as questões de Português que, para você, geram mais problemas. Espero seu email.